"Ei, eu me aposentei dessa vida
E dirijo empresa de sonhos.”
Zélia Duncan
Pois é. Passaram-se semanas, desde que
foi divulgado que meio milhão de estudantes zeraram a redação do ENEM. Fui um
dos que ficaram estarrecidos. A que ponto chegamos? Mas, o que importa aqui é o
efeito sobre mim. Eu, que tenho um diploma de professor engavetado. Poderia
fazer valer o meu investimento financeiro e intelectual. Mas não. Resignei-me a
permanecer na zona de conforto que se resume a uma dignidade anônima e egoísta.
É por egoísmo que não me torno um ser ativo e altruísta nessa vida. Gritos na
infância, trauma não superados enfim são fatos tão distantes... o futuro é
ontem. Para que remoer pesares tão, tão desnecessários? Que importa o passado
que já se tornou pretérito mais que perfeito? Fico a saborear o fel que eu mesmo produzo e o
pior me espera. Esse pior que emana de mim. Leio livros, vejo filmes,
telenovelas, revistas importantes para não saber o que fazer com o que vi? Como
a lua que não possui luz própria assim eu sigo. E a vida cobra com juros altos.
Há os olhares de dúvida e pena: Mas o que esse sujeito faz que não... ?
A
minha falta de objetivo. Pois só me interesso pela representação. Os Titãs
voltaram com tudo. Crítica social e o bom e velho rock and roll. Ai sim. Aquele
conto do André Sant’Anna. Que olhar crítico e sagaz sobre a realidade brasileira!
Narrado de forma original e desconcertante por causa da repetição. Admiro sua
literatura. E aquele filme do Lars Von Trier de 200... nossa Lars, pois é dessa
forma mesmo que vejo a humanidade. Mas, vez em quando vem alguém pedir minha
opinião sobre o petrolão, sobre o doleiro, o eureiro sei lá que PORRA mais. E
tento ter uma posição crítica acerca disso e daquilo. Que adianta? Agora se eu
pensasse mesmo no semelhante, iria mesmo cumprir a docência que existe pra isso:
educar, formar cidadãos letrados e dignos. Tarefa hercúlea, no entanto conheço pessoas
admiráveis que ainda se empenham nisso. Estas, tem o meu respeito e admiração. Até
me imagino trabalhando na sala de aula os clássicos como Vidas Secas do
Graciliano, o Senhora do José de Alencar, alguns contos clariceanos, e também
os contemporâneos, tem tanto escritor bom, como o já citado André Sant’Anna, o moçambicano
Mia Couto, o Marcelino Freire, o Roberto Muniz Dias, o Bernardo carvalho, enfim
tem-se uma variedade de gêneros e estilos a perder de vista. E porque raios não
levo aos jovens a ter contato com essas leituras? Ah sim. A minha estupidez.
Esqueci que fui adolescente um dia. Na minha época não tinha tanto obstáculo
pra leitura como hoje. Mas professor é para orientar que os alunos não se
distraiam tanto com as futilidades do mundo capitalista e competitivo.
Professor. Eu? Ainda sem condições para isso.
Querido Eduardo.
ResponderExcluirObrigado pela citação do meu trabalho.
A docência é um chamado, é uma vocação.
Sempre pensei que professores fossem dotados de alguma magia, alguma diferença. E são. São sobreviventes de um sistema que vilipendia esta categoria. Explicações históricas e diversas podem dar conta desta desvalorização. Mas não podemos deixar de exercer a responsabilidade deste chamado; há tantas frentes nas quais podemos atuar...Seu blogue é uma delas.
Parabéns!
Querido Eduardo.
ResponderExcluirObrigado pela citação do meu trabalho.
A docência é um chamado, é uma vocação.
Sempre pensei que professores fossem dotados de alguma magia, alguma diferença. E são. São sobreviventes de um sistema que vilipendia esta categoria. Explicações históricas e diversas podem dar conta desta desvalorização. Mas não podemos deixar de exercer a responsabilidade deste chamado; há tantas frentes nas quais podemos atuar...Seu blogue é uma delas.
Parabéns!