“Mesmo que eu tenha
criado um traje especial
Que me permita viagens
em modo espacial
Ainda não vou, foguete
é osso
Pro ser humano viver é
pouco.”
Céu
A palestrante dissera que o que entendemos
por longevidade, noventa, cem anos ou mais não é nada. A vida é imensurável, posto
que se iguala à vida do universo e fazemos parte dele. Foi a única coisa da
reunião que consegui prestar atenção. Desde
então, passei a não me preocupar em viajar nos feriados, a sair por ai tentando
encontrar, quem sabe a alma gêmea. Também me desapeguei de vários supérfluos.
Para quê isso e aquilo? Para que um desespero em viver
intensamente? Também não me arrependo de nada. Claro que tento mudar meu carma.
O problema é que sempre entendi as coisas mais pela negação: isso eu não quero;
isso não sou eu; jamais farei isso. Coisas assim. Mas, há de se ter o cuidado pra não cair no
comodismo, já que buscamos a perfeição ou o que mais se aproxime, de uma vida
plena de realizações.
Entendo perfeitamente que a vida não se
resume a uma só existência. Quantas coisas atravessam nosso caminho, clamam por
atenção e pelo limite do tempo a abandonamos? Sempre fazendo o que nos é
prioridade. Adiando alegrias e algumas caem no completo esquecimento. Não, não.
O cerne da questão é bem mais embaixo. E os rótulos que nos impõem? Mera tentativa
de entender-nos, mediante uma ínfima parte do que somos. Tão redutivo... são
tantas cadeias de ilusão. O entendimento mesmo é para aqueles que se propõem a
conhecer de fato a vida. Como já disse Shakespeare: “ Há mais coisas entre o
céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”. Então né, passei a não
me impressionar com quase nada. A facilidade com que as pessoas tem em
justificar as atitudes mais “bestiais” que elas fazem. Disseram-me, que sou
todo certinho ou quase isso. Se erro pouco, ao primeiro vacilo alguém vem me
apontar o dedo como a dizer: “olha você também erra viu? “ Em pensamento xingo,
eu sei caralho. Mas ai, peço desculpas. Afinal, o que seria do mundo se os
pensamentos transparecessem. No meu caso é diferente porque não sei disfarçar PORRA
NENHUMA!
Do que eu estava falando mesmo? Ah sim, da
vida. Da urgência que nos é imposta. Infelizmente, peno em acompanhar as
tendências tecnológicas, para o espanto de alguns que acham que sou nerd. Sou à
moda antiga em quase tudo. Vivo em algum lugar entre o sonho e a realidade, oh
clichê mais que falado em qualquer confessionário idiota! Bom, tá na minha
cara. Alguns me alcunham de criança, de sonso, houve alguns que pressupunham
que eu tenho “ desvio de personalidade”. Posso? Pois é. Enquanto isso, sigo-me
construindo minha dignidade, lendo meus livros (a pilha tá enorme e alguns
furam a fila), vendo bons filmes... o problema é que sou muito impressionável:
assisti Tatuagem e fiquei uma semana com a Polka do cu na cabeça! A mesma coisa
com The End of The World, da trilha de Garota Interrompida (1999). E as
mirabolantes novelas das 19? Tento esquecê-las mas, tudo em vão! Como é difícil
sucumbir a essas maneiras de ressignificar a vida! Bem, o que importa é que não
atrapalho a marcha dos outros nesse itinerário cheio de ilusões criadas pelo
homem.
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