segunda-feira, 23 de abril de 2012

Devaneio e dor

           Sensações oníricas reinam em meu ser.
           Resvalam-se os afagos que desejei,
           Um sorriso dissimulado a desfazer.
           Entre beijos que não mais sentirei.

           Tuas palavras desfaleceram ao vento.
           Foram também as lembranças ternas.
           De um singelo e rústico sentimento.
           Que as cicatrizes tornar-se-ão eternas.

           Quisera eu humildemente dissimular.
           Pudera não mais o desdém suportar,
           E o desprezo, o asco não mais sentir.

           E as lamúrias e tormentos a arrastar.
           De toda uma estúpida vida a consentir.
           Que milágrimas não poderão sanar.

domingo, 8 de abril de 2012

O D.N.A de Madonna

Capa da versão standard de M.D.N.A

        Aqui estou novamente pra falar de alguém que está sempre presente nesse espaço: Madonna Veronica Louise Ciccone, ou para os íntimos ou fãs mais abusados tipo EU: Madge. Sou madonólogo mesmo. Pode vim Britney, Katy Perry, Lady who? Gaga, pobre aprendiz. Madonna é única, não importa se seus discos não vendam como outrora, se sua insistência na sétima arte seja duramente criticada e vista como um capricho seu. O fato é que nenhuma outra artista possui a garra, a criatividade e o poder de Madonna. O que ela acaba de evidenciar mais uma vez com o lançamento de seu 12° álbum MDNA.
         E se em hard candy ela apoiava -se em um som mais urbano com os pesos de Timbalandy, com uma identidade mais hip hop, neste fica difícil apontar um som segmentado, haja visto que é um trabalho feito com muitos colaboradores, cada um dando seus toques pessoais ao som de Madonna. No final fica tudo a cara dela mesmo. Daí temos a sonoridade   empolgante do dj Martin Soveign na faixa turn up the radio,uma das melhores do álbum, que começa lenta e logo acelera. Um pop dançante e pegajoso. Os irmãos Bennaci produziram o 2° single girl gone wild que ganhou um ótimo vídeo. E ressurgindo de excelentes trabalhos de Madonna, temos William Orbit que com seu som característico ( guitarras em meio a batidas eletrônicas) produz com Madonna as melhores faixas de M.D.N.A: Love spent e I'm sinner.
         Para muitos esse trabalho acaba soando como "mais do mesmo". Músicas dançantes são a especialidade de Madonna, vide seu último sucesso: celebration. A parceria com Benny Bennacy só poderia resultar em farofada dance. Mesmo assim eles fizeram girl gone wild e I'm addicted que darão fôlego a muitas pistas de dança. Martim Soveign acerta em turn up the radio e em beautifulk killer. E extravasa mais ainda em I don't give a... uma faixa bem "americanizada",com levada hip hop e Nicky Minaj nos vocais. Orbit além das já referidas love spent e I'm sinner ainda concede a dramática e bela falling free. Sem falar na vencedora do Globo de ouro de melhor canção Masterpiece.

         O mais interessante é que apesar dessa variedade de produtores, (acrescente Demolition Crew na faixa best friend e colaborando em gang bang). É a sonoridade característica de Madonna que sobressai. Como se os produtores tivessem em mente produzir algo para madonna. Certamente. Ou o fato de Madonna acompanhar todo o processo de criação. Na verdade é tudo bem Madonna. É um de seus melhores trabalhos. É o seu verdadeiro DNA que percebe-se através de suas letras confessionais ou não. Simples, porém letras fortes nunca foram o ápice de Madonna e sim um refrão pegajoso e uma melodia viciante e uma performance no palco sensacional.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ponto fraco

             Na tarde de outono, sentávamos à brisa fresca,
             da hora mais convidativa do dia.
             Entre fumaças de cigarros, pensávamos,
             trocávamos confidências, eloquências, aventuras,
             dos amores de outrora, que findaram
             deixando no coração as cicatrizes,
             que tentávamos amenizar, sanar
             e queríamos encontrar nas desventuras ,
             um ponto de ligação, o elo, a flecha
             o encontro de nossas almas,
             sedentas pela libertação do sentimento.
             afoitas na iminência das fraquezas,
             da libido a rebentar em arrufos de beijos,
             nos poros a estremecer, as células dormentes
             na tarde em que discorríamos do amor
             que nos consumia, da lua que logo surgia,
              das estrelas que cintilavam, nossos sonhos
              adormecidos expandindo -se  na torrente carnal.
              Amávamos o momento da tarde vazia,
              em que tudo era nós, e a nós o momento
              de viver o que tínhamos sentindo palpitar
               no peito o desejo de sentir-se humano
              a ponto de humanamente desejar ser do outro
               e ao outro dominar.
         

domingo, 1 de abril de 2012

O próprio cárcere

       Insensível. Eis o que me define.
       Nenhum sopro de vida me abala.
       Os risos nos bares são insensatos.
       As ideias mundanas são supérfluas.
       Os credos não respondem minhas dúvidas.
       As tragédias não me comovem.
       Os fogos de artifícios comemoram não sei o quê.
       As músicas e nenhuma forma de arte preenchem,
        minha subjetividade.
       Estou para ? não sei.
       Nada me identifica.
       Que elo me falta?
       Por que se é feito pra acabar?
       Livremente caindo por ondas de subterfúgios...
       vivo nos ares, nuvens de inseguranças e esperanças...
       Livremente caindo num abismo infinito
       nas profundezas do ser errante
       evoco o blues da piedade,
       nada muda, estou preso a mim e a vida passa.
       Nenhum dia é igual na essência,
       mas meu ser permanece inlapidável
       Como uma pedra bruta.