segunda-feira, 23 de março de 2015

Estrelas atormentadas



Julianne Moore é Havana Segrand em Mapas para as estrelas

         Mapa para as estrelas é um filme de 2014 que rendeu a Julianne Moore a Palma de ouro de melhor atriz em Cannes. Nele Julianne interpreta uma atriz decadente e transtornada. Só por isso, sabendo que a atriz é das raras que mergulham numa personagem visceralmente, já é uma forte razão pra ver o filme. O elenco também conta com a requisitada (esquisita também) Mia Wasikovska, Robert Pattinson, John Cusack, entre outros nomes de peso.
       As estrelas que o título alude não são outras, que não as hollywoodianas, aqui totalmente envoltas numa atmosfera de superficialismo, competitividade, traumas familiares e fantasmas do passado cada vez mais presentes. Julianne é Havana, uma atriz decadente que pretende obstinadamente, fazer o papel que fora de sua mãe décadas atrás. Cuja mãe aparece constantemente para assombrá-la, à medida que sua obcessão pelo papel aumenta. Para enfrentar isso Havana recorre ao guru de auto- ajuda das celebridades Stafford (John Cusack), este, pai de Benjie, um ator de treze anos recém saido de uma clínica de reabilitação, cujo comportamento estrela-problemática remete a um Justin Bieber. Benjie também passa a ter visões de uma fã morta que o fazem cometer atos violentos contra seu colega de trabalho. Para "tumutuar" mais ainda a vida de Havana, benjie, Stafford e sua esposa que administra a carreira de benjie, entra em cena Agatha (Mia Wasikovska), filha do casal, e que provocara um incêndio no passado, deixando -os em pãnico devido a sua esquizofrenia. 
         Esses elementos que caracterizam estes personagens apresentam uma visão perturbadora, sombria e desumana de hollywood. Teria o cinema  virado uma obcessão sem limites? Parece que o glamour é aqui o avesso da arte enquanto trabalhar por amor ao cinema. Apesar do teor assombroso, pessimista, há doses de humor negro, como na cena em que Havana comemora a morte de uma criança, que acarretou na sua escalada para o tão almejado papel que fora de sua mãe. Uma cena anterior em que Havana encontra a atriz que faria este papel, antes do fatal incidente, também provoca risos pela falsidade deslavada, de sua parte. Cabe lembrar, que nem mesmo ao fazer as necessidades fisiológicas, Havana remete a alguém que esteja fora da aura hollywoodiana. 
          A personagem de Mia Wasikovska é uma das peças- chave dessa narrativa. É a ela que interessa o mapa das estrelas de hollywood, pois ela retorna após sete anos em tratamento na Flórida, para rever a família e por em prática antigos desejos nada convencionais, que por sua vez trazem  à tona segredos que abalam drasticamente a vida de Benjie e seus pais. É notório que as atuações de Mia, Evan Bird e da merecidamente oscarizada (por Still Alice) Julianne Moore são o ponto forte desse filme. Não que o roteiro o seja menos interessante. Só pelo fato de satirizar hollywood ou melhor, mostrar o avesso do glamour já merece créditos.



sábado, 21 de março de 2015

(Des)entendimento Titânico

                                                                                                          "Hoje é dia de rock bebê"
                                                                                                                     Cristiane Torloni
Falares e pesares convincentes

      Aos fãs do bom e velho rock and roll, uma boa dica é o álbum mais recente dos Titãs Nheengatu. A veterana banda apresentou um trabalho excepcional. O título "estranho" designa uma língua geral, que os jesuitas implantaram na interação com os índios no começo da colonização do Brasil. A lendária imagem da torre de babel na capa do álbum, já é um indício do que tematizará esse trabalho: uma confusão geral mediada pela lingua, ou seja, a avalanche de informações que nos bombardeiam ,bem como as cargas ideológicas em que em se sustentam os múltiplos discursos de poder. Para cantar o caos linguístico e consequentemente social, nada mais justo que as músicas contenham  o peso que só o rock pauleira imprime. 
     As canções de Nheengatu constituem verdadeiras crônicas da população urbana pós-moderna. Caótica, errática, enfim as farpas apontam pra todos os lados. Pra truculência da polícia em "fardado", a primeira faixa do álbum, o recado é direto: "porque você não usa essa farda pra servir e pra proteger". Entretanto, apesar de colocarem "os fardados" em seus devidos lugares, a única certeza que se tem é a morte implacável, e é sobre ela que versa "Cadáver sobre cadáver". Convivemos lado a lado com ela, já que estamos sob as ossadas dos defuntos, nesse belo planeta, esperando pela nossa vez (?) Ou seria "ela" que nos espera, como vemos nos versos de "Canalha" como "grito que se espalha", que "não tarda nem falha, apenas te espera". No que tange a confusão linguística, a mira dos Titãs aponta tanto para a verborragia medíocre e vazia,  proliferante em todos os níveis sociais (Fala Renata), quanto para as inúmeras polêmicas, causadas pela pretensão ao politicamente correto que emula a ditadura (Não pode). Nem mesmo o cristianismo escapou da metralhadora verbal da banda, em "Senhor" as orações são pela liberdade do ser humano neo-liberal e seus desejos, "demasiadamente humanos", que o cristianismo tanto aprisiona e condena. Os versos eclodem num cãntico herético: "O pão nosso de cada dia me dê de graça, assim na terra como no céu a mesma desgraça." 
      Bom, em vista dessas parcas informações acerca desse trabalho coeso, ousado que finalmente, fez jus à carreira da banda, só me resta afirmar ser esse álbum, indispensável aos apreciadores do rock nacional. Aumentem o som. 

P.S. não recomendo para pessoas muito delicadas, fresquinhas e fanáticas religiosas.

quarta-feira, 18 de março de 2015

O de sempre

Foco foco foco no estudo.
     
     O antigo namorado dissera-me, que maquio a realidade. Que vivo numa bolha, que eu isso , que eu..., deve ser por isso que insistira, que investira até cansar em mim. Sentia-se a vontade comigo mantendo um ar de mistério em relação a mim. Nem sei porque me peguei lembrando disso. Mentira, sei sim, é porque vivo me esquivando de tudo e de todos. Agora nesses tempos de turbulência e insatisfação generalizada, nesse solo brasileiro, não tenho sequer uma opinião formada sobre o caos reinante. Me deixo seguir pensando somente no que me interessa. E como falta-me tanto. Tenho meus planos e sigo tentando com muito esmero não atrapalhar ninguém. Não contribuir com situações de desagrado aos outros já é muito. Tudo que se inventa é visando o bem comum. É o que dizem. Mas há de se ser sonso, já dizia Clarice. Que saudades de seus textos... não vejo a hora de me debruçar em seus livros novamente. Naquelas edições antigas, com folhas amareladas que comprei num sebo.
      O tempo parece que não passa em mim, ao menos exteriormente. Será os banhos frios? Por outro lado, por dentro deve tá uma beleza devido à nicotina. Silêncio que faz aqui. Ainda bem que não se ouve a música ruim dos outros, da vizinhança. Nem gritos de chuuupa bambi, chupa porcada, etc etc etc. Todo mundo é igual. Ou eu que sou estranho demais? Sei lá meu! Parece que ainda não me encontrei. Quem sabe terão vários e vários kalpas até que eu entre no nirvana. Preciso de muito na myo ho rengue kyo, música pro meu espírito, vigor pro meu corpo. E tem que ser já. Que momentos intoleráveis de se suportarem. A lua tá de férias, ou é aqui que é um deserto cósmico. Já sei, vou ouvir Stone Milket. Que primor de composição e harmonia! Mais um fruto de uma separação amorosa que tanto rende aos músicos. Sam Smith que o diga, aquele inglesinho (por causa da idade) excepcional e "entendido" ainda. Que tudo! Nessas horas dá mais orgulho de ser homossexual. Ai, a vida é bela e colorida! A vida se me é........ então adoro. Não sei porque me pego lembrando das palavras finais de A Paixão Segundo G. H.
       Às voltas com a preparação do artigo científico. Com a função de ajudante geral na loja do bairro super popular, com isso e com aquilo..., enough! Parece-me, que estacionei e isso não é bom. Dai esses relatos nada selvagens, antes fossem. Ou não? Impossível não vivenciar o que se é próprio da existência única de um ser único. De um karma único. De um pensamento unilateral. De um olhar voltado para si. Quando vou olhar no espelho e dizer: Veni Vidi Vici?

sábado, 7 de março de 2015

Madonnólogo



A estrela em performance de Living for love


        Amanhã comemora-se o dia internacional da mulher. Não por acaso, as pessoas com quais me dou melhor são mulheres. As artistas que mais admiro são mulheres, o amor mais verdadeiro é o de uma mãe e amo a minha. Bem, isso é mero pretexto pra falar de uma pequena grande mulher a qual acompanho sua carreira há muito tempo: Madonna, uma personalidade que admiro em demasia pela sua garra e criatividade, que só aqueles que conhecem sua extensa obra devem entender esse sentimento.
        O que mais me fascina em Madonna não é sua música, óbvio que isso é a expressão máxima de seu talento, o que mais admiro é a sua fome de vida e sucesso, sua garra  desafiadora. Seu perfeccionismo. Sua capacidade de superação, agora mais que conhecida depois do "glamoroso" tombo no Brit awards desse ano. Muito irônico isso, justo com a apresentação mais aguardada desse evento, que fechou com chave de ouro apesar da videocassetada imperial. As apresentações posteriores comprovam seu espírito de superação. Madonna possui mesmo um "rebel heart" que ultrapassa qualquer ameaça a derrocada do seu trono. Aliás, isso é inconcebível. Só haverá uma Madonna e certamente ainda veremos muitas performances suas. 
        Se estou taciturno, ponho Music ou Ray of light e parece-me que sai desse plano e aterrissei em órbitas contemplativas e extra-sensoriais. Um êxtase absurdo me invade... então adoro (Opa, Clarice, não é sua vez) É bem louco o negócio... e as músicas novas então? Rebel heart é uma explosão de pop music pra ninguém botar defeito. E Madonna acertou em cheio na escolha dos singles. Pra melhorar, claro que os djs vão fazer sua parte. Tou até me vendo nas baladas uhuuuu!! E o que são os braços coreografados de Living for love? Não bastasse a música já ser fodassa, o clipe é impecável com direito a frase de Nietzsche no fim. Madonna confirma que sabe aliar filosofia e tecnologia em prol de seu sucesso. Eis uma característica inata de Madonna, além de está na vanguarda do pop moderno, ela consegue também beber na fonte do que é tendência, como as parcerias com produtores do momento como o Dj e produtor Avicci. Sempre se reinventando, tal qual sua tour de 2004 Reinvention tour, uma das minhas favoritas, talvez por Madonna ter filmado os bastidores na qual demonstra sua face além-palco, dando lugar a Madonna mãe e esposa, na época, ela era casada com o lindão Guy Ritche. 
          E já que nesse ano ouviremos falar muito de Madonna, já vou tratar de encher o cofrinho pra quando a Rebel heart tour aterrisar por aqui.Ai ai, se bem que nesse tempo de vacas magras vai ser difícil juntar alguma coisa... que importa perder um show onde mal se vê o palco? Ainda mais que sou baixinho e é difícil ver direito com as gays altas na frente.