Capa da edição simples do álbum Humanz |
A característica mais
evidente em Humanz é a polifonia, o que realmente passa uma impressão de
bagunça, desorientando aqueles que buscam um trabalho conceitual e coerente.
Todavia, é notável em Humanz a preocupação com o coletivo, com a humanidade
mesmo, liberta de preconceitos, lembremo-nos da onda conservadora que domina o
mundo nos últimos tempos. Foi esse olhar para a realidade opressora que
culminou na inteligente letra de “Hallelujah Money”, além, claro, do fato dela
ser cantada por Benjamin Clementine, o que é um alívio quando se está cansado da
mesmice do cenário musical e de repente deparamo-nos com um vocalista um tanto
peculiar. Quanto aos arranjos dessa faixa, esse aspecto sim, é muito do que o
Gorillaz mostrou no “The Fall”. No entanto, ao agregar tantos convidados,
torna-se inevitável não recordarmos do excelente “Plastic Beach”, álbum de 2010
que teve colaborações de Snoop Dog, Bob Womack, Little Dragon, entre outros. Em
Humanz o número de convidados é absurdamente maior. Temos rappers como Pusha T.,
Popcaan; a diva Grace Jones; o trio de hip hop De la soul; Jehnny Beth, Kelela,
entre tantos outros nomes, conhecidos ou não do grande público.
Tudo em Humanz aponta
para o fato de que Damon Albarn não quer brilhar sozinho. Na melancólica “Busted
and blue” temos Kelela (ótima) colaborando nos vocais, “Andromeda” é um feat
D.R.A.M., ambas as faixas estão entre as melhores desse trabalho, principalmente
para quem aprecia a interpretação de Damon Albarn, o artista que “me amolece os
ossos” quando canta uma balada e que clama para que o público vibre, pule,
quando ele e sua banda estão no palco cantando uma música agitada. Certamente ele
iria gostar do público brasileiro – que é um bando de louco. Já diz Faustão: “Quem
sabe faz ao vivo”, pois então, algumas faixas que parecem insossas no disco
tomam outra dimensão ao vivo, é o caso de “We got the power”, que tem uma
enérgica Jehnny Beth colaborando nos vocais, e também Noel Gallagher, e também
sinos! Numa composição otimista e empolgante que faz querer pular insanamente
onde quer que se esteja. Essa pegada agitada, o clima clubber é também a tônica
de “Sex Murder Party”, embora eu não fazendo ideia sobre o que essa letra fala
eu fico a dançar em êxtase. Humanz divide muito opiniões, como fan do Gorillaz,
fiquei satisfeito com esse novo trabalho. “Plastic Beach” continua insuperável,
mas Humanz cresce à medida que se ouve e conhecemos os artistas novos que
agregam a polifonia caótica desse álbum. Nota 8,0.