sábado, 21 de setembro de 2013

Rock, pop, samba, funk, eletrônico,axé,folk, indie-rock e afins no Rio

       Não fui ao Rock in Rio. Nem queria ir mesmo. Prefiro assistir a shows com todo o conforto que uma boa casa de espetáculos possa proporcionar. Não sou de euforia mesmo. Odeio carnaval ou qualquer coisa que evoque aglomeração, euforia enfim... Assisti alguns shows no aconchego do lar e o bom desses festivais, pra quem adora música como eu, é a oportunidade de conhecer novas bandas. Se forem bandas novas, acho engraçado o esforço que elas fazem pra aprenderem o nosso idioma. As divas da pop e as bandas já consagradas limitam-se a falarem Rio de janeiro e só. Simpatia mesmo, só dos estreantes que estão ainda formando seu público. A necessidade faz vir a iniciativa. Nosso português é exótico, dizem os já famosos.
       A queridinha (não só dos gays) Beyonce, dançou o famigerado e irritantíssimo " passinho do volante". E eu que até gostei de seu show. Uma performance de primeira, com seus cabelos esvoaçantes; figurinos impecáveis; coreografias desafiadoras; sua banda competente. Pra terminar com lek lek lek. Mas o Brasil é lúdico, pra não dizer outra coisa que exprima a bregolãndia de música com a qual a maioria do povo brasileiro se identifica. É o cúmulo da primitividade e tá introjetado na mente dos nossos jovenzinhos. É o funk "ostentação". Ostentar o quê? Pra quê? Pra ficar esperando incessantemente o 5° dia útil, pra pagar o mínimo do cartão de crédito ainda. Francamente. É que tem certas coisas que me revoltam. Até esqueci que comecei falando de música. De boa música. E o que foi o show de Florence and The machine? Sua voz estridente; a harpa e o som etéreo e o coro suavíssimo? Inebriante. Era a fada Florence Welch, que declarou seu amor ao Brasil e após anoite do show ficou encantada com o Cristo Redentor. Outro show competente foi o da Neozelandesa Kimbra, que teve a participação do Olodum. Inusitado sim. Mas deu certo. A simpatia e o talento da moça  conquistou fãs. Ela, que ficou encantada com a capoeira e o ritmo do Olodum. O ápice dessa apresentação foi um cover de "They don't  care about us". Responsabilidade posta a prova que, graças ao grupo brasileiro, funcionou. E que venha o próximo Rock in Rio.
       



domingo, 1 de setembro de 2013

Profissão Coragem

       Ser professor não é fácil. Todo mundo sabe o quanto é árdua essa tarefa dentro ou fora da sala de aula. O salário é um dos mais baixos do mercado. E além do mais, muitas pessoas não veem o verdadeiro valor que essa profissão possui. Diante disso, muitos professores desistem em menos de um ano, deixando para trás, o que poderia ser uma vida de semear e colher o conhecimento.
       Pra ser professor, deve-se antes de tudo, gostar de dar aulas. Isso requer um forte altruísmo para que se possa ministrar aulas, diante dos inúmeros obstáculos que ocorrem numa sala de aula ou na escola como um todo. Em sala de aula, principalmente das grandes cidades, a convivência com a indisciplina é rotina. A maioria dos alunos não estão nem um pouco interessado em assistir aula. Cabendo ao professor ter um grande equilíbrio para saber lidar com esse fator. Voz ativa e propósitos educadores firmes são requisitos imprescindíveis para isso. Carregar em sí mesmo o valor do seu ofício e demonstrando isso aos alunos. Não se acovardando. Enfrentar, expôr o conhecimento. Interagir com a classe, com humildade e sapiência. Mostrar, antes de tudo valores humanos. " Demasiadamente humano" sim. Para orientá-los como viver de forma pacífica e construindo, por meio do conhecimento ensinado, a fazer uma sociedade mais digna.
       Nas salas de aulas, principalmente de escolas estaduais percebemos nitidamente os reflexos das mazelas sociais. Alunos usuários de drogas, alunos provenientes de lares desestruturados, alunos discriminados seja pela orientação sexual, cor da pele etc. Muitas vezes, as famílias por não serem bem informadas, esperam que a escola, unicamente, resolva os problemas dos filhos. Não os educam, omitindo -lhes, o que era essencial. E quando os professores não conseguem colocar o aluno nos eixos, os pais os culpam  por isso. Ficando o embate escola versus família. E haja diálogo para resolver esses conflitos. Ser professor, implica também ter olhos de águia. Para que se observe, quando um aluno das séries iniciais, esteja com algum problema de saúde. Há casos, em que as famílias, não entendem a tensão de uma sala de aula e proferem horrores ao professor, quando esse não percebe numa criança uma febre alta, por exemplo. Ameaçam mesmo. Com a vida não se brinca. Quando essa não é acompanhada por bons valores então... haja diálogo para remediar o que uma sociedade com tendencia á violência provoca. Ou seja, muitos vivem sob o slogan " comigo não". Quase todo mundo vive na defensiva. Na lei do mais forte.
        E não existe fórmula certa pra exercer dignamente esse ofício. Provas e mais provas serão passadas. Amor e coragem são ingredientes básicos pra qualquer educador que queira encarar essa digníssima tarefa que não se resume a entrar numa sala e demonstrar os conteúdos programáticos. E sim, por ordem no caos que é o ser humano, nessa aldeia louca que chamamos de sociedade. Na verdade, é tanta informação, tanta coisa frívola, que estamos até saturados. O jeito é, segundo os mais otimistas, utilizar-se, primeiramente de algo frívolo que o aluno assimile, para chegar-se ao que realmente importa ser trabalhado. Ou seja, se o aluno gaba-se do funk, use-o como ponte para chegar a um conteúdo realmente útil. No fim, o aluno será capaz de analisar qual conteúdo está carregado de bons valores.
     
         

domingo, 25 de agosto de 2013

Sei que há

         Era sexta à noite. Recostei-me no alpendre e avistei uma lua pra lá de cintilante. Mal pude acreditar no muito que me foi dado naquele momento. A luz lunar, mesmo que emprestada deu asas aos meus anseios. Uma leve brisa soprou-me à face embebida na vertigem momentânea. Eu era um romântico. Longos minutos passaram. Na rua, poucas motos corriam. Poucos carros. Aquela hora já era um chamado do sono. Sono, que eu recusara a obedecer e recorri a um café forte para prolongar a embriaguez daquele instante.
         Aos poucos, fui recobrando a insossa realidade. O pesar das horas já estava à espreita. Voltei aos livros. Mas antes, tentei recriar na memória aquele momento do deslumbre ao luar. Tão distante ela estava, mas significava tanta beleza eterna. Ela que só tem quatro faces e mantem o esplendor de sempre. Enquanto nós, reles mortais, desdobramo-nos à procura de novos estilos e maneiras de conservarmos a juventude. Alguns gabam-se de se entregar as efemeridades do mundo moderno. Já disse Drummond: "eta vida besta meu deus." Pois não é? Ainda morrerei dessa ponta de recalque. Eu moderno? Só que não.
         Acho que no momento lunar entrei no "estado de graça". Ou seja, num estado em que não desejamos mais nada, pois nesse momento se tem uma sensação indescritível de plenitude. E também, refere-se a um momento individual de realização. Ao contrário dos momentos felizes que compartilhamos com terceiros. Talvez, seja um imenso consolo aos solitários. Nunca ouvi falar que outras pessoas consigam sentir-se felizes com uma simples constatação de algo natural como um luar. Se bem, que a lua já é famosa até demais. Basta lembrar da música "Luar do sertão" e suas inúmeras gravações. Mas eu estava em plena São Paulo cinza, no "meu apartamento perdido na cidade". A São Paulo dos 1001 entretenimentos. Se existe amor aqui, eu não tive. Mas sei que tem. Por enquanto, estou a zero, ou seja, sem inspirações amorosas. Há tanta coisa pra fazer.

sábado, 17 de agosto de 2013

Seboso

       Na correria pra comprar as leituras desse semestre a preços módicos, acabei recorrendo aos sebos. Há muitos no centro da cidade. lembro-me de ter lido certa vez que essa profusão de sebos era um reflexo da pobreza. O que tem lá muito de verdade. Toda essa troca e venda de livros, cd,s, dvd,s e afins remete a pobreza do homem que apequenou-se ao comercio. Muitos não desfazem-se de objetos por necessidade, mas, pra consumir algo mais novo. Que logo se tornará velho.
        Quem vai aos sebos com mais frequencia, não é quem vai atrás de alguma relíquia. Mas, quem não tem dinheiro pra comprar exemplares recém saídos da editora. Embora encontram-se nos sebos, livros bem conservados. Alguns novíssimos. Só que a imensa quantidade de livros velhos, com folhas bem amarelecidas provocam espirros e vertigens em seres frágeis ou frescos mesmo. Livros velhos, pessoas velhas, qualquer ser vivo ou bruto sofre com o passar dos anos. Esvai-se o verniz da jovialidade de tudo. O tempo nos rouba tudo. Vou fazer a oração caetânica já. Musiquinha chata. Hoje tou um saco.
         Estou cuspindo no prato que comi. Pois já recorri muitas vezes aos sebos. E toda frustração de hoje, é porque não encontrei os exemplares que precisava. Eu não queria comprar pela internet e ter que esperar quase uma semana pra chegar a encomenda. E até esqueci que os sebos possuem uma das maiores riquezas da humanidade: as ideias contidas nos livros que tanto abrem a mente humana.  Só pelo fato de existirem, até onde as páginas sobreviverem à ação do tempo, elas estarão lá. Como marca de que vivemos e deixamos um aprendizado dessa dádiva que é a experiência de uma produtividade. Afinal, mais importante que possuir um livro novinho, é a oportunidade de manusear o mesmo conteúdo num suporte que já passou por outras mãos. Mãos que transportaram as ideias para perpetuar o conhecimento.
     
     
     

sábado, 10 de agosto de 2013

Ao som de "Love spent"


            

          Há pessoas que deixam sua marca no mundo. Seja na ciência, na política, nas artes etc. O fato é que alguns conseguem apesar de meros mortais, impor sua imagem e conseguir admiração em imensas proporções. Uma dessas personalidades, é a cantora Madonna. O mundo dos espetáculos musicais não foi mais o mesmo depois que Madonna Ciccone surgiu no começo dos anos oitenta.
          Com um pé nas pistas de dança e outro nas FMs, Madonna já veio dizendo a que veio. Músicas dançantes são sua especialidade, embora suas baladas sejam ternas e evocam o lado sensível dessa poderosa leonina que no próximo dia 16 completará 55 anos. E o que essas três décadas acumulam são feitos artísticos de grande relevância: 12 álbuns de estúdios; 9 coletâneas e 3 trilhas sonoras de filmes estrelados pela própria Madonna. Sem falar nas faixas que não entraram nos álbuns e nas participações com outros artistas. Alguns de seus álbuns, alcançaram enorme sucesso de público e de crítica como o fenomenal Like a prayer de 1989 e o genuíno Ray of light de 1998. Outro álbum que provocou um furor com direito a colant roxo e cabelo à la Farrah Fahcett, foi Confessions on a dance floor de 2005.
         O lugar onde Madonna mostra pleno domínio é o palco. É lá que madonna desponta. Seja no seu trono de rainha ou num globo de espelhos indo ao encontro de corações afoitos, diante da musa do entretenimento, super produzida graças a uma dura disciplina de exercícios e um make up poderoso que dá banho em muita ninfeta por aí. There's only one Queen, and that's Madonna... Bitch! Já professou Nicki Minaj. Quem vai duvidar? Madonna é acima de tudo a personificação da ousadia e da criatividade. Ela tem um instinto aguçado para descobrir de onde extrair potencial artístico. Seja de algo antigo ou de elementos modernos. E até onde ela irá? Só ela pra responder. Madonna sempre presenteará seus fãs com algo de sua inteligencia interpessoal. Mesmo que ela continue explorando os temas de sexo e religião (que gosto muito), ela ainda conseguirá tirar faíscas pra incendiar em performances esplêndidas.













domingo, 4 de agosto de 2013

Zona do desconforto


                                 




        Dúvidas. Dúvidas e mais dúvidas. É a sina de quem vive em fragmentos. Daquele que nunca pensa a longo prazo. Dúvidas. Pior se fossem dívidas. Ou não? De certo modo, não seria melhor ter como uma dívida, à própria realização pessoal em detrimento da dúvida? E o prazo encurta. As rugas aparecem. O arrependimento pesa na consciência. E eis que a vida, transforma-se num poço de nostalgia e delírio. Ecos da infância atravessam a mente. Trazendo a insônia e o peso das horas que parecem arrastar-se, em volta de um ser perdido na própria força imaginadora.
         E o mundo externo é só “good vibrations”. Trânsito intenso, sons estridentes, bares, os fast-foods, o i-phone 4 e um monte de parafernálias porvir. E eis-me aqui. Os fios que me ligariam a esse mundo foram-me negados há tempos. Meu mundo particular é um caos limitador. Paupérrimo. Pois, já que se tem de  viver  renunciando a tanta coisa, nós próprios criamos barreiras, antes mesmo de surgir alguma oportunidade, única que seja, de obter algo importante. Vive-se a contentar com alguma parte do essencial, pelo temor em relação às outras partes negadas. É o medo que escorre dos dedos. Que impede a ousadia de sequer olhar em volta e colher uma resposta positiva. Quantas chances não se perdem. Por viver a correr da própria essência, que é boa, sem maledicências.
        Algumas pessoas estudiosas da Bíblia Sagrada, afirmam que o mundo tá sendo dominado pelas “forças do inimigo”. Todas as injustiças, tragédias e outras atrocidades que acontecem é obra do “inimigo manipulador”. Como não sou adepto ao cristianismo, atribuo tudo de injusto e trágico que acontece, a própria ação humana, longe de qualquer interferência sobrenatural. São as atitudes humanas que ao longo da história, acumulam guerras e uma propensão a dividir o mundo entre opressores e oprimidos. De forma velada ou não. E há aqueles que se reprimem. Quem nem buscam no sobrenatural, no excepcional, uma força que os encoraje a emergir das cinzas o fogo que devore a vontade de viver e ver o mundo. O mundo. Como ele é. Que exige de cada ser, a vontade e a coragem de dar o melhor de si.
       

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Imaginem na Copa?

          Essa pergunta é recorrente no dia a dia das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quem nelas vive, sabe o caos que é pra conseguir pegar conduções em horários de pico. Essa semana, acontece  no Rio de Janeiro, a Jornada Mundial da Juventude, evento da Igreja Católica que trouxe para nosso país seu maior representante: O Papa Francisco. Sua vinda não só confirmou o quanto ele é Pop, como evidenciou a falta de estrutura de nossas megalópoles para receber as milhares de pessoas que se “aventuram” nesse encontro em busca, ou na confirmação da fé cristã.
          Logo ao pisar em solo brasileiro, uma multidão já aguardava Vossa Santidade, o Papa Francisco. Fiéis o saudavam com louvores, esbanjando uma felicidade que eu sequer consigo imaginar existir. Eu que não conheço o que a humanidade inteira conhece do ser gente. Mas havia fiéis que extrapolaram. Na fé? Avançaram no veículo onde o Papa se locomovia, para desespero dos seguranças. Não bastaria um aceno? Alguns brasileiros são eufóricos demais. Tudo bem que ver alguém notório por qualquer ação benevolente é coisa raríssima. Ainda mais pra quem saiu lá de onde Judas perdera suas botas. O Papa é uma celebridade. Assim como a MC Anita ou o Luan Santana. Será que irei para o purgatório?
          Asneiras à parte, fico satisfeito pelo fato de muitas pessoas procurarem na religião, um meio dê fundamentos em suas vidas. Embora haja falhas, por parte de algum membro de igrejas (independente da religião), é fato que as religiões pregam a paz, a benevolência. Consequentemente, quem é adepto de alguma crença religiosa, fecha-se para o mundo dos vícios negativos e da criminalidade. Entretanto, participar dessa jornada trouxe muito desconforto para centenas de pessoas, sobretudo para quem não era Carioca. As filas do metrô estavam quilométricas. O sistema de transporte público da cidade é totalmente insuficiente pra suprir um evento como esse. Muitas pessoas de outros Estados, ficaram sem condução após as celebrações. E o pior: não havia quem lhes informasse qual condução atenderia ao destino dos perdidos na cidade grande. Eh Jornada Mundial da Juventude! Fazem lembranças para vender. Mas não elaboram medidas que proporcionem ao “Fiel visitante” uma volta pra casa na paz do Senhor.

         Perco-me facilmente em qualquer pensamento e nesse momento a novela tá tão emocionante. Com seu texto melodramático da mocinha que perdeu a guarda da filha, e foi rejeitada pela mãe biológica que acabara de conhecer. Ainda me impressiono com os velhos clichês novelescos. Mas voltando ao início, é revoltante os aspectos negativos que acontecem nesses eventos, como o desconforto dos fiéis nesse encontro Papal. Espero que os governantes encontrem meios para melhorar a cidade do Rio de janeiro. Afinal, os aclamados eventos esportivos estão quase chegando. Não se faz necessário os vândalos ocorridos a todo instante. Basta ver as centenas de rostos perdidos sem saber a que horas e qual condução tomar. 

domingo, 21 de julho de 2013

Maravilha para poucos

       Confesso que já fui mordido pelo bichinho do Rio. Toda a fama que a cidade possui com suas belezas naturais, há tempos chamaram-me atenção. Isso deve-se ao fato de tanto me deparar com o Rio, nas artes que aprecio. Muitos de nossos clássicos literários possuem narrativas passadas no Rio. Na música então, não faltam expoentes, de Cartola a Tom Jobim. Esse último recebeu uma linda homenagem, tendo canções suas interpretadas por Vanessa da Mata. Outra cantora que fez uma excelente canção em homenagem à cidade foi Paula Toller: Pane de maravilha é o amor declarado a uma cidade que, de fato, possui muitos encantos. Mas todos os encantos são capazes de fazer brotar no ser humano uma capacidade de viver pra construir uma “ Cidade maravilhosa” ?
         Parece um despropósito esse meu ângulo através do qual questiono. Óbvio que uma coisa é a cidade e suas paisagens com bairros bem construídos que agregam os que realmente vivem numa “cidade maravilhosa”. Aí vivem os globais, grandes empresários e parte da classe média. E bem do lado de cada bairro de bacana há uma enorme favela, com tudo o que há de peculiar nesses espaços. Ou melhor, não há nada que se possa chamar de maravilhoso. E sim tenebroso. O tráfico, o descaso com moradias dignas para seus habitantes, entre outros problemas que assolam o Rio de Janeiro. O que faz com que os privilegiados vivam numa bolha em relação a esse fator de favelamento, no qual a impressão que se tem é que tudo é “um mar de rosas”. Essa discrepância parece não interferir na boa convivência entre a elite da Zona Sul e os periféricos, que em sua maioria, geograficamente, nem estão localizados à margem da cidade. É uma questão de descaso com os valores humanos mesmo. Tantos casos trágicos, chacinas, turistas assassinados. E nenhuma medida tomada parece ser eficaz pra sanar esse emblema de criminalidade que fere o estigma de “Cidade maravilhosa”.

         Os frequentes protestos na cidade, comprovaram o óbvio: o descontentamento com os problemas que a maioria da população enfrenta (os manifestantes) e o fator que mencionei no começo: todos os encantos da cidade não são capazes de trazer para algumas pessoas, um olhar mais humano (vandalistas). Um olhar que agradecesse ao infinito, ou ao que se acredita. Por viver num lugar privilegiado por belezas naturais onde muitos homens souberam adornar com belas construções. Muitos monumentos históricos e tantos outros aspectos que inspiraram belas canções. Os homens que depredaram o Leblon, fizeram uso de violência. Essa selvageria é o cúmulo da falta de respeito com a população, com a cidade, e com o próprio indivíduo que não reconhece a dignidade da própria vida, ferindo-a, ao lançar mão da violência. O Rio, realmente deveria ser uma cidade maravilhosa. Essa maravilha bem que poderia transparecer num olhar das autoridades,  voltado para a população das favelas. Um olhar que deveria ser revertido em segurança, habitações dignas, saúde e educação eficientes. E não somente esse olhar que vive de aparências. Que beneficia a pouquíssimos. 

domingo, 30 de junho de 2013

Eu nas canções e na literatura





         Dói admitir, mas sou pior que a Sandy: Tenho sonhos adolescentes, apesar de minhas costas não doerem. Como diriam uns amigos: - Shame on you. Já tenho trintão. E os sonhos adolescentes beiram a pura tolice. Gostar de sofrer. Imaginando um jardim florido e nuvens quando se está diante de um asfalto quente e deserto. De vez em quando dou vazão a um sorriso que provém de alguma lembrança adocicada. Da beleza que admiro em pensamentos. Que até eu mesmo dirijo- me um: Shame on you!
         Quantos tombos e nada aprendido. Carma maldito. Quisera ser seco de coração também. Coração mais sem graça que o da Florence Welch, cantado em Shake it out. Esse paraíso de amar não é pra mim. Contentar-me- ei com os livros da infelicíssima Clarice Lispector, que tanto buscou a essência de viver e de amar. E esse instante já é meu atestado de solidão e fracasso. Entre os pecados da gula, preguiça e avareza, entrego-me a um momento infinito desse instante já. Breve? Só a eternidade que ainda não conheço.
         "Mas renova-se a esperança, nova aurora a cada dia..." _ Milton, minha esperança já era. Tou conformado com esse fardo que é esse declínio de idealizar um amor que não dispõe-me nenhuma migalha de atenção. Mas uma hora a gente aprende. A alma clama por paz. O corpo também padece desse inferno de almejar o impossível. Tou até ouvindo o Blues da piedade. Afe! Nem eu tou aguentando esse momento fossa. Além do mais, esqueci de comprar cigarros e pepsi. Dois supérfluos que dou-me ao luxo de consumi em demasia. E ainda fico fazendo propaganda gratuitamente. Isso não sou eu. Imagine! Eu que sou alegre e não preciso sofrer por amor pra lembrar que estou vivo. Vou ouvir Daft Punk agora mesmo. E depois, nada de Clarice. Vou de Luís Fernando Veríssimo ou João Ubaldo Ribeiro. Esse último fui aconselhado por um amigo, a não ler na condução, "A casa dos budas ditosos", pelo teor erótico explícito na obra. Imagine! Quantas mulheres leem os " Cinquenta tons de cinza" e de todas cores, em todos os lugares. E eu, que não tou nem aí pra opinião alheia, vou me privar do deleite dessa leitura? Como diria uma colega da facu: -Ah vá!








domingo, 23 de junho de 2013

A novela e os gays

                      
       A atual novela das oito apostou em colocar (até agora) três personagens gays. Ohhhhh! Para tudo! O que esperar disso? Menos preconceito? O mundo é gay? Ai tou lôca!!
       Brincadeiras a parte, já que a arte imita a vida e a novela é um dos maiores detentores de audiência da TV brasileira, dependendo do enfoque dado aos personagens, isso tem lá seus pontos positivos. Muitas pessoas (não entendidas), ao saberem que há personagens gays na novela, logo pressupõem tratar-se de mais um estereótipo: ou a bichinha efeminada, ou o gay enrustido e por aí vai as várias hipóteses levantadas pelos (as) curiosos. O babado é forte.
      Nessa novela, há um casal gay que pretende ter um filho através de uma barriga de aluguel. Nossa que coisa né! “ Mas se assim eles querem... Cada um sabe de sí.” “ Mas Deus já criou a noção de família: o pai e mãe. Homem e mulher. Imaginem  na escola, os dois pais indo pegar o filho.” Ai, ai... esse e mais outros discursos serão ditos pela tradicional família brasileira. Tão correta e sábia. A ponto de apoiar-se num fanático e alienante discurso religioso que promete à salvação aqueles que não praticarem atos excomungados pelo livro antigo, leia-se: Bíblia Sagrada. Claro que na Bíblia encontram muitas passagens detentoras de ética, bom senso, etc. Entretanto, existem pessoas que as interpretam ou dão ênfase somente às passagens que vão de encontro ao que elas já acreditam e as tem como verdade.
      Nossa! Até já tinha esquecido os personagens gays de Walcyr Carrasco (Mona! Te adoro!!!) O novelista apostou num vilão gay interpretado por Mateus Solano que lança mão de uma risada prá lá de forçada e irritante, mas os jargões da biba são engraçados. Até eu, acho que salguei a santa ceia. Aliás, ele ter ouvido eu falar que grudei chiclete na cruz de Cristo. Ah Lôca! E haja maldade no coração dessa bicha má. Ai que meda! E há o casal bem resolvido interpretados por Marcelo Antony e Thiago Fragoso. O bom dessa “variedade” de personagens entendidos, é que acaba sendo uma maneira das pessoas pararem de atribuir rótulos. Coisa mais medíocre. Cada ser é único no mundo. Mesmo no grupo de homossexuais, cada pessoa tem sua personalidade própria: introvertida, eufórica, sensata, mundana..., afinal somos humanos. Esse fato já nos torna ausente de qualquer, rotulação atribuída pelo simples fato de termos uma orientação sexual diferente do convencional. Humanos sim. É assim que temos que ser vistos.

 

domingo, 16 de junho de 2013

Em nome do povo


       



      As últimas semanas têm sido marcadas por manifestações na cidade de São Paulo. Os manifestantes que começaram a protestar contra o aumento das passagens do transporte público, agora já ampliaram seu discurso: saem às ruas pra lutar contra a atual ideologia norteadora do estilo de vida, vigente na sociedade brasileira. Ou seja, reivindicam melhores condições de saúde, transporte, habitação, etc. Pondo em pauta, o enfoque nos milhões aplicados em eventos como a Copa das confederações e todo o circo midiático que manipula às massas consumidoras.  Tais atos, como se sabe, transformam uma cidade já fatigada pelo caos, num verdadeiro suplício: pessoas feridas, vândalos, vias interditadas e toda uma sensação de mal estar. Afinal, esses atos trarão bons resultados? A polícia tem o direito de intervir essas ações? Quem é o vilão nessa história? Os manifestantes são corajosos ou perturbadores da paz? Difícil responder isso, quem não acompanhou as reportagens. Como é meu caso. Felizmente, meus ambientes de trabalho e estudo, não são lugares propícios a esses atos. A Avenida Paulista, sendo um símbolo da cidade é palco para essa e qualquer outra manifestação política.
                                                                                                                                                                                 Uma coisa é certa: essas ações tiram a população da zona de conforto em que se encontram. Há uma certa alienação no povo brasileiro. Vivem na inércia. Sendo que é preciso bradar, ambicionar melhorias á nível social, não individual. Pois a ordem mundial que se instaura de modo silencioso por trás de uma cultura global, é na verdade, em prol de intensificar a disparidade existente entre as classes sociais. O que resulta num embate: opressor versus oprimido. Ou seja, viver pra consumir, pra assistir celebridades ganhando milhões, traz melhorias para quem? Pra milhões de brasileiros que pegam trens lotados todos os dias pra ganharem pouco mais de um salário mínimo, certamente não é.

sábado, 25 de maio de 2013

I know the pain



       Pois é. Mais um sábado tendo somente um maço de cigarro amassado, um café aguado e o som visceral de Fiona Apple como companheiros. E as obrigações, as quais sempre cumpro no último segundo. Vivendo do ócio. Do fóssil de um passado mal resolvido. Do querer sempre aquilo que não se tem. Sendo cobaia de um sistema opressor, que começa no que emerge de meu parco entendimento. Sempre superficial. O ânimo que não inspiro, mas, cobro de outrem. Funéreo. Fútil. Inútil.
       Vejo novelas. Nada me encanta. Mero entretenimento de quem não se aprofunda num verdadeiro fazer artístico. Arte? O que é isso? O que vemos é mais uma massificação de velhos clichês na música, na literatura, no cinema. Não é a toa que artistas contemporâneos esmeram-se em homenagear os ícones do passado. A música perdeu a alma, como dissera a cantora Christina Aguilera.Poucos artistas se prestam a criar algo realmente expressivo. Tênue. Por isso vemos uma explosão de "celebridades", mas, poucos artistas excepcionais. Hoje cultua-se um exibicionismo tão exagerado que mal sobra espaço para "sentir" o efeito de algo humanizador como a arte. Num show ao vivo por exemplo, importa mais registrar nas redes sociais o momento, que aproveitar a ocasião em sí. Viver é aparecer. E eu não vivo, tão menos apareço.
        Mas cultura demais acaba com a gente... e eu consumo demasiadamente leituras, canções e imagens que me levam ao escapismo oriundo desse desgarramento ao qual me lanço. Ou fui lançado. Esquecido como teia de aranhas em casas abandonadas. Ao léu. No véu do esquecimento. Mas há algumas estrelas perdidas no céu paulistano. Parcas rutilâncias lançadas ao meu olhar avivando um fatigado semblante, envolto em melancolia. O piano de Fiona Apple enleva a dor a um canto que acalanta o pesar que impede a lágrima de rolar. E eis que fico. Ou passo. Sei que me arrasto no mar de incertezas.

sábado, 20 de abril de 2013


Impressões sobre o romance Senhora de José de Alencar

         Apesar de apresentar todas as características de um romance romântico, como o amor e uma beleza idealizada frutos da visão romântica do romancista que faz citações de outros autores românticos como Byron e até de outro romance seu “Diva”, é evidente o cunho realista que essa obra aponta ao tematizar o casamento por interesse, leia-se, que baseava-se no dote da família da noiva, tão comum na época em que o autor viveu.  O duelo amor e renúncia; realidade e aparência; clareza e ironia, entre outros perpassa todo o enredo. Tem-se desse modo, o resultado das escolhas que os personagens fazem. Seixas, apesar de seu bom carácter, corrompe-se à uma sociedade que estava a caminho de tornar-se cada vez mais afeita ás aparências que norteiam a mente burguesa. Aurélia, apercebia-se de tudo que a rodeava. Costumes, noções de seus direitos que a lei garantia e de tudo que sucedia na sociedade fluminense. No entanto, ela era uma romântica acima de tudo. Seu amor por Seixas, nos é revelado em alguns trechos, por exemplo , na hora em que o casal valsa tornando-se uma sensação aos olhos dos convidados. A intensidade com a qual Alencar descreve esse momento é certamente um dos momentos mais românticos dessa estória que ao final acaba bem ao gosto do público (leitoras) , romântico da época.
         Esse romance é considerado um dos principais trabalhos de José de Alencar sendo adaptado para versões de novelas diversas vezes. Tamanho é o fascínio que a leitura desse romance envolto em descrições minuciosas das personagens e do ambiente que as circundam, no melhor estilo romântico que Alencar soube tão bem apresentar nas páginas de seus romances.  O detalhe mimoso, o ornamento de um móvel, assim como um simples gesto dos protagonistas nos é visível pela precisão com que o autor nos relata. Criando verdadeiros perfis de heróis em seus romances. Em “Senhora” , tem-se um marco na literatura Brasileira: uma mulher protagonista, que encanta a todos desde os tempos de pobreza, aos tempos em que tornara-se conhecida nos salões fluminenses. E um dos melhores feitos dessa personagem foi  permitir com que seu homem amado percebesse o mundo de interesses e aparências a que ele se inclinara. Resultando em seu arrependimento e restituição de sua honra. A lição aprendida é que tudo se compra, num mundo de tantas convenções visando sempre o interesse, o lucro. Mas o amor... é algo de valor incalculável. E para obtermos é preciso abdicar de toda a ambição, vislumbre, hipocrisia, egoísmo e outras sensações que impregnam -nos vez ou outra.
         Senhora é um romance que encanta não só os profissionais das letras. Uma prova disso é que esse romance foi adaptado para a televisão diversas vezes. Apesar  que a melhor maneira de se aprofundar no movimento romântico é através da leitura, pois é em José de Alencar que o espírito esplêndido desse movimento,  desmancha-se em páginas que nos  encantam pelo teor romântico e nos instigam pela crítica aos costumes da sociedade.


 

          

domingo, 14 de abril de 2013

Menos intolerância

      Entendendo exercer a cidadania como um referencial de conquista dos direitos humanos, através daqueles que sempre buscam mais igualdade de direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas não se conformando com as dominações de qualquer instituição que dissemine a intolerância sobre qualquer  aspecto: orientação sexual, religioso, etnia, cor da pele etc. É natural que as pessoas assumam a coragem de afirmar-se perante às afrontas proferidas, verbais ou não. Ainda mais quando se vive numa época marcada por uma miscelânea, norteada pela globalização e impulsionada pelo individualismo que ultrapassa qualquer entidade social ou grupo religioso, seitas com anseios em comum. Isto é, em tempos de corrida pelo destaque em qualquer atividade que vise à prosperidade capitalista e consequentemente pessoal, chega a ser um retrocesso debater-se com afirmações preconceituosas oriundas de qualquer espécie.
        As pessoas esperam o momento certo para exporem seus anseios ou visão de mundo. E foi isso que fez a cantora Daniela Mercury, ao expor em vários meios (redes sociais, TV, jornais), sua conduta sexual. Mais que um momento oportuno. A categoria LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), estava e ainda está sendo alvo de discriminações, por pessoas públicas como a cantora Joelma, da Banda Calypso, e também pelo famigerado Pastor Marco Feliciano. Esse, também disparou comentários racistas, o que provocou a ira de muitas pessoas que manifestaram sua indignação com passeatas por todo o país. Vale ressaltar, que essa revolta é devida ao fato do pastor presidir uma a comissão de direitos humanos. Fato no mínimo contraditório.
         Ao mostrar ao país sua orientação sexual, a cantora encoraja àquelas pessoas que são vítimas da intolerância em qualquer ambiente: familiar, escolar ou no trabalho. Pois as passeatas que são realizadas com o propósito de garantir os homossexuais os direitos inerentes a qualquer ser humano, não tem sido suficiente para conscientizar muitas pessoas que vivem ainda no abismo da ignorância. Na verdade, a famosa passeata pelo orgulho gay transformou-se numa festa. Sendo assim, a atitude de Daniela Mercury significa uma maneira de lutar pela cidadania de toda uma classe que é na maioria das vezes, vista sob as lentes dos estereótipos  (afetação, promiscuidade)., quando na realidade, são apenas seres humanos com os mesmos direitos e deveres, aos quais todos possuem, inclusive o direito à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento.

O passado, o presente e o futuro em Bisa Bia, Bisa Bel

       O passado é representado na narrativa, logo no início, através de objetos antigos como a caixinha de madeira, os retratos antigos em envelopes de papel pardo e também pelas lembranças da mãe de Isabel ao discorrer sobre um meio de transporte comum da sua época:
      _ A gente ia de bonde, era ótimo, fresquinho, todo aberto. Às vezes tinha um reboque. Quando a gente pagava... (pag. 8) E algumas palavras ditas pela mãe, como motorneiro, intrigavam Isabel. Mas o passado vem à tona mesmo quando Bel encontra um retrato em formato de ovo, de cores marrom e bege, cores que eram denominadas sépias. Na foto via-se uma menininha linda, de cabelo todo cacheado, vestido claro cheio de fitas e rendas. Era a bisavó de Isabel. A Bisa Bia. Que na foto segurava uma boneca de chapéu e algo parecido com um bambolê, um arco, brinquedo da época de Bisa Bia.
        Isabel fica tão encantada com a foto de Bisa Bia, que passa a ouvir sua voz. E o que Bisa Bia fala, na maioria das vezes, são repreensões por Bel, ter modos que na sua época eram inapropriados para uma menina: Usar short, assoviar, subir na goiabeira etc.  Por exemplo:
       _ Ah, menina, não gosto... (pag. 18)
        Desde então as duas começam a conversar sobre as coisas de seu tempo: Bisa Bia, do passado e Bel, do presente. Bisa Bia cita coisas como: móveis antigos (bufê ou etagér),penteadeiras enfeitadas com bibelôs, mosquiteiros, toucador, penico... coisa extintas no tempo de Bel. O que a deixa surpresa com tanta coisa que ela desconhecia. Entretanto, Bisa Bia fica tão chocada quando esta lhe conta das coisas de seu tempo presente. Observa-se um choque entre as coisas, hábitos do tempo de Bisa Bia (século XIX) e do tempo de Bel (século XX). Ao ouvir Bel avisar que vai comer cachorro quente Bisa Bia exclama:
       Deus nos acuda, minha filha! Isso lá é coisa que se coma? Coitadinho do cachorro... Situação semelhante Bel demonstra quando Bisa Bia fala de uma merenda de seu tempo: baba de moça: 
      _ Baba de moça , Isabel, uma delícia!
      _ Ai, que nojo, Bisa, como é que você tinha coragem?
      E o papo explicativo entre as duas continuava. Bisa Bia contando como eram as coisas de seu tempo e repreendendo Bel por seu jeito espontâneo de ser. Ao contrário de outrora, onde as meninas tinham de ser comportadas, quietinhas. O que reflete o modelo de mulher submissa do século XIX e começo do século XX. Logo isso acaba perturbando Bel: a mania de Bisa Bia viver lhe dando conselhos que não funcionam mais. Mudaram-se as maneiras, regras de comportamento no tempo presente que vive Bel.
      Eis que para confundir ainda mais a cabeça de Bel, ela começa a ouvir uma nova voz: a voz de Beta, sua bisneta, que assim como ela, encontrara a foto de sua Bisa: Bel (de short e trancinhas), nas coisas de sua mãe. A voz de Neta Beta contrapõe-se a de Bisa Bia. Ela fala exatamente o que Bisa bel quer ouvir:
        _  faça o que você bem entender... (pag. 30) Ou seja, uma voz do futuro, onde a mulher já tem plena liberdade de agir conforme seus anseios. Vale lembrar, que Neta Beta, que está décadas e décadas à frente de Bisa Bel encontrou sua foto e fez uma holografia delta. E as vozes começam a disputar na cabeça de Bel. Qual voz seguir? A do passado ou a do futuro?
Sendo que Bel, só quer conquistar sua autonomia. E para isso é bom ter a tranquilidade de Bisa Bia, mas também a coragem de Neta Beta.
         Mais que uma simples estória sobre as lembranças de uma menina, através de seus laços familiares e escolares. Bisa Bia, Bisa Bel é um fiel retrato sobre a percepção dos costumes extintos para uma modernidade que se extinguirá também com seus hábitos de maneiras e linguagens. Tudo contado de forma lúdica e pedagógica por Ana Maria Machado, que faz as meninas mais sensíveis derramarem lágrimas com essa tão envolvente narrativa.

sábado, 9 de março de 2013

                               Coração gelado

          Chorão morreu. Na tv, homenagens de fãs e artistas, próximos ou não, do falecido músico. A mãe de Chorão diz que há muito sensasionalismo. Será? As evidências apontam para uma overdose de cocaína. Assisto a tudo impassivelmente. Nem recordo de alguma vez ter ouvido, por vontade própria uma ou outra música do Charlie Brown jr. Mas reconheço que o Brasil perde artisticamente. Chorão compunha letras inspiradoras e as musicava com eficiência.
           Mas, não bastasse meu inexistente abalo perante esse fato, não contive uns risos maléficos quando um jornalista, ao noticiar sobre o velório do músico, cometeu sucessivas gafes. Ele disse "Cheirão" consertando logo em seguida.  Pra piorar ele noticiou: "o velório está "rolando", ao invés de ocorrendo. Em segundos, a gafe alastrou-se nas redes sociais. E aqui estou engrossando o coro. Tou me sentindo um Perez Hilton tupiniquim, ou melhor, Miniquim já que sou bem baixinho.
         O que todos já estão cansados de saber, é que o "barato" das drogas pode custar muito caro. Na verdade, esse valor pode ser incalculável, pois só quem tem consciência do que é viver sem artifícios, é que realmente vive. O " barato" pode ser calculado pelo próprio ser vivente, daí ele quem define o seu valor perante sí mesmo e ao mundo. Chorão escreveu frases que reconheciam o valor do ser humano, mas vivia longe de ser uma pessoa com atitudes sábias. Que realmente soubesse o valor de sua vida. O ser humano é uma contradição mesmo. Oh raça! Enxerga razões para a sua vida e as que não enxerga, atribui ao sobrenatural. Lógico. A droga levou  a vida de Chorão. Enquanto isso alguém entoa:

              "Decidi pensar em nós,
               vou te levar daqui,
               te levar daqui yeah
               vou te levar..."
 
           Por fim, espero que as pessoas anônimas ou famosas, reflitam sobre a droga de vida que elas levam. Antes que a droga leve suas vidas. Sem luto, sem lágrimas. Eu realmente não era fã do Chorão e sua Charlie Brown Jr.          

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Salve- me de Salve Jorge!

         Definitivamente Salve Jorge não caiu no meu apreço por novelas. Há muitos elementos na trama idênticos aos trabalhos anteriores de Glória Perez.  O sofrimento dos mocinhos (principalmente a mocinha) parece não ter fim. Somando - se o fato de sua antecessora ter sido um sucesso de audiência o que deixa a trama atual em desvantagem.
          É marca registrada da autora mostrar outra cultura em suas novelas. Em Salve Jorge, vemos a Turquia. Principalmente a região da Capadócia com seus vales e cavernas coroado de balões no ar. Nesse núcleo não poderia faltar as típicas expressões turcas. Anedim (mãe), Kabuletê (aceito, fechado) e mashallah ( que deus o proteja) são de praxe nos diálogos. Coisa que vimos também em  O clone e Caminho das Índias. Assim como vemos o choque cultural quando os núcleos apresentados se interagem.
          Outro aspecto negativo da trama é o sofrimento infindável dos protagonistas. Morena, é refém do tráfico. Sob forte ameaça dos chefes da quadrilha, não os denuncia pois teme pela segurança da família. E também pela segurança  do namorado, que a mesma abandonara forçadamente pela segunda vez. Ressalto que Nanda Costa representa com exímia perfeição sua personagem, apesar da críticas recebidas que lhe renderam até o apelido de “nada consta” nos bastidores da novela.
         Além do mais, Salve Jorge substitui um grande sucesso que foi Avenida Brasil que foi recorde de audiência e assunto nas redes sociais mesmo depois do término. A impagável vilã Carminha, o personagem Cadinho e suas três mulheres, o fogoso Leleco, entre outros personagens ficaram na memória do telespectador noveleiro. Mérito da trama ágil de João Emanuel carneiro.
Nanda Costa em cena de Salve Jorge
           Glória Perez é uma autora de mão cheia. O que acontece com Salve Jorge é que tudo acaba soando “mais do mesmo”. Existe até um personagem diretamente de Caminho das Indias, a empregada bisbilhoteira da delegada Helô.  Lógico que há excelentes atuações dos atores e o tema do tráfico de mulheres é interessante. Mas  faltou algo surpreendente, uma jogada de mestre. Tal qual o mesmo autor de Avenida Brasil usou em A favorita não revelando no começo da trama quem era mocinha e quem era vilã. Por esses motivos não vejo a hora da trama acabar. 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

São Paulo ,meu amor

          São Paulo desperta em mim sentimentos esplendorosos. Da sensação de liberdade por está entre milhares, à convivência com aqueles que me rodeiam no meu cotidiano. Sinto que aqui vejo uma síntese do mundo inteiro. Um imenso mosaico formado pela gigante população e o resultado das ações das mesmas refletido em diálogos, negócios, espetáculos, prevenções, descobertas e tudo que fazemos ou recebemos.
          Aqui sinto a vida que é um convite a usufruir o que há e o que teremos num futuro promissor. Gigante motor dessa nação. Ferramenta que sustenta e dar vigor aquele que enxerga as possibilidades que ela oferece. Possibilidades, que só mesmo uma cidade com tamanha potência pode permitir. Dignos daqueles que deram os primeiros impulsos na construção de tão importante metrópole. E dignos também são aqueles que zelam por São Paulo. E que zelem pela paz que ás vezes não temos aqui. Fato que acaba por ofuscar o brilho que habita, não o firmamento do céu paulistano, mas os nossos corações mesmo.
           São Paulo é essencialmente humana. É a cara daqueles que nela habitam. Então é quase impossível adjetivá-la, tamanha é a galeria étnica aqui. Bom mesmo, é que todos encontram seu lugar em algum canto de SP. Do centro a periferia. De noite e de dia. A energia sempre se faz presente, pois São Paulo não para. E nem pode. Aqui é sempre efeito manisfesto. E as estrelas daqui, assim como o mar, são o povo que se alimenta da seiva que brota do solo paulistano. Que saibamos regar nosso ambiente com atitudes prósperas e benéficas a essa terra esplêndida que é São Paulo. Nem mais bonita, nem mais feia: a melhor do mundo.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Mas e a alma?

             Entre vários filmes que aluguei nessas férias, um em especial, emocionou-me de tal maneira, que lágrimas rolaram no decorrer da história. Trata-se de "Não me abandone jamais" ( never let me go). Baseado no romance de Kasuo Ishiguro que aborda a clonagem. Não mostrando o processo de criação dos clones, e sim focando no uso dos órgãos dos mesmos, como alternativa  pra prolongar a vida humana neste plano terrestre.
              O filme narra o dia- a -dia de crianças em um tradicional orfanato inglês. Elas vivem sob o regime de internato, têm aulas, praticam exercícios, cantam e são estimuladas a crescerem saudáveis. Entretanto o destino delas não será sair de lá pra ocupar algum cargo na sociedade. Pois eles são clones destinados a serem doadores de órgãos quando chegarem à fase adulta. Desde cedo eles foram sujeitos à regras como não se aproximar de maneira alguma, da cerca que protege o orfanato sob pena das mais terríveis ameaças. Até de morte. De modo que eles não conhecem a vida fora do internato. E justamente, é angustiante a cena em que, uma nova tutora, que tendo apego às crianças, em um momento de fúria dispara: " Nenhum de vocês vai para à América. Nenhum de vocês vai trabalhar em mercados.Nenhum de vocês vai ser motorista. Nenhum de vocês vai fazer coisa alguma, exceto seguir a vida que foi escolhida para vocês. Vocês vão se tornar adultos, mas por pouco tempo. Antes de envelhecerem, vocês vão doar seus órgãos vitais. E depois da terceira ou quarta doação a vida de vocês vai se completar. Após isso, ela é demitida.
           
            Os personagens principais do filme são: Kathy, Ruth e Tommy, que na fase adulta são interpretados respectivamente por Carey Mulligan, Keira Knightley e Andrew Garfield. E além do destino cruel desses personagens, vemos o amor de Kathy por Tommy ser impedido pela inveja de Ruth que o seduz primeiro. Mas logo que Ruth tem consciência de sua morte ela tenta reparar o erro. Ela descobre um lugar onde há uma prorrogação do tempo de vida se um casal provar que se ama. Sentimento que há entre Kathy e Tommy. Mas seria compreensível um "não humano" amar? Por mais que Tommy, Kathy ou Ruth expressem qualquer emoção, através de desenhos ou outras atitudes, nada ultrapassa a realidade deles: São clones destinados a salvar vidas. Numa cortante cena, Ruth questiona a procedência deles. Para ela, só podem ser clones da escória da humanidade.
            É realmente um filme tristíssimo. A solidão de Kathy. A inocência demasiada das crianças que são estimuladas a desenharem pra ver se possuem uma "alma". E o pior: a terrível aceitação de um destino implacável. Tudo contado pela personagem Kathy, em mais uma interpretação magnífica de Carey Mulligan.