Joguei
fora o cigarro, ainda pela metade, o amargor intensificou o momento de tal
forma que implorei que a lágrima rolasse. Os segundos tornam-se infinitos
nessas ocasiões, mas a vida é infinita diz à crença que abraço. Tento ao menos,
envolto em mantras e constantes reflexões. Logo acendi outro cigarro, lembrando que
outrora xingava em pensamento quem emporcalhava as calçadas com as bitucas. E
aqui estou, na sacada me sentindo a G. H. sem valise, sem nada em que pensar,
sentindo - me à margem de tudo, sem nenhuma identificação com nada, nem
ninguém. Não, não a vida não é só isso, tudo tão previsível e a minha eterna
culpa em não se permitir juntar-se a todos, a me despersonalizar. Mas, quem
sou? Que raio de personalidade, quando o que importa, ao que parece é
sobreviver perante uma cruel incerteza?
O
fardo da sensação de coisas pendentes, o silêncio que consente, mas não apaga a
decepção. Acentua, prolonga a mágoa, a
desilusão. E o que conforta é a contenção, não tumultuar o que quer que seja.
Parece-me, que muita ignorância paira sobre mim, meu maior mal, a
inflexibilidade. Sabendo-se do infinito, deixo fluir sem pensar a longo prazo.
Mas a sensação de tempo perdido me aniquila, seja na chance perdida, a promoção
que não peguei, o olhar que não correspondi... tudo me é sufocante. Ninguém
merece esses instantes intoleráveis. Tudo incomoda, a conversa dos outros, o barulho
dos carros, o vento... , e anseio pelo estalo em que passa o tormento, um bom
livro pra reler, ou um não lido, tantas coisas pra se descobrir... o dócil bichinho de estimação, uma música de
Florence and The Machine e mais uma da dezenas coisas que complementam o nosso
vazio.
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