O
Fantasma de Canterville foi o primeiro contato que tive com a grandiosa obra de
Oscar Wilde, logo fui seduzido por aquela narrativa que, a princípio, como foi
nas primeiras leituras que empreendi na vida, julguei ser uma estória infantojuvenil.
Embora, pelo aspecto fantástico, satírico e ainda dispor de um fundo
moralizante seja realmente aconselhado aos jovens que iniciem suas incursões
literárias por este O Fantasma de Canterville ou outros contos Wildeanos, como
O príncipe feliz; O amigo devotado, por exemplo.
Certamente,
muitos conhecem esse conto, onde, como ecoa a expressão popular “o feitiço vira
contra o feiticeiro”, pois o Fantasma de Canterville ver seus três séculos de
vitoriosa dominância assombrosa em seu castelo ser ameaçado quando uma família
americana muda-se, devidamente advertida sobre sua maldição, para aquele lugar.
A partir daí, toda a aura supersticiosa e outros traços que definem as
linhagens inglesas e os habitantes de “sangue azul” sentem-se insultados pela
família americana e suas maneiras sem o refinamento, tão característico do
velho mundo. Cujo refinamento e outros aspectos da finese inglesa são personificados pelo fantasma de
Canterville, além de ser um traço característico da estética de Oscar Wilde.
O
fascinante nesse conto é a maneira de Oscar Wilde, sutilmente e até mesmo de
modo lúdico expor a superficialidade da aristocracia inglesa, na época (século
XIX) presa a um egocentrismo totalmente alheio à praticidade e ideal de progresso
do novo mundo, representado aqui pela família americana que para qualquer
problema tinha a solução, inclusive para enfrentar um fantasma com um histórico
de terríveis crimes sobrenaturais. Esse pragmatismo americano assume contornos satíricos,
apesar da sutileza, onde a vítima é a própria sociedade inglesa e seus hábitos
e crenças ultrapassados que acabam sobrepondo-se aos nobres sentimentos da
humanidade.
O
fantasma de Canterville é um texto grandioso por conter elementos diversos como:
mistério, humor, crítica social e um olhar para a nobreza do verdadeiro amor.
Não surpreende servir de título as várias coletâneas de contos de Oscar Wilde.
Sua leitura, consequentemente levará o leitor a conhecer mais da fundamental e
maravilhosa obra de Wilde em suas peças, contos, cartas e sua obra prima: O
retrato de Dorian Gray.
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