sexta-feira, 1 de maio de 2015

Ovinho de Amendoim


     Vagarosamente silencioso está agora. Não se sente o tempo passar e sigo o mesmo ritual de décadas. O banho frio já tomado e estamos no outono frio. Mas já na casa dos trinta, prometi viver somente do que for essencial. Os deslumbres já passaram. A beleza do mundo, aquela que é mostrada pelas pessoas em seus atributos físicos ou de estilo, essa, nem me encanta mais. Passei a querer coisas sólidas, firmes. Pudera eu ser a firmeza que procuro nos outros. Sou a firmeza de uma inconstância, de uma imprecisão.
    Acompanhando as notícias que sempre se repetem. A vida sendo cada vez mais bélica à medida que o ser humano avança em conhecimento tecnológico. Que isso tem a ver? Viagens à parte, é porque hoje, o homem urbano globalizado conhece muito bem a sociedade a que pertence. Muito mais até do que quem vive enfiado nos livros. Estes para quê? Devoro livros, extasiados por narrativas poéticas, filosóficas, etc, e apanho por não conhecer as regras para viver na sociedade. De uma doçura sem precedentes o que já cometi de gafes, faria rir a maioria dos seres empíricos, por mais que esses se moldem sob os conteúdos da televisão aberta. Queria mesmo era que meu cérebro se alargasse. Não precisaria passar pelo desconforto de ser quem se é. Mas eis que sou eu, mesmo tendo várias sensações de déjà vu. É inescapável a fuga do próprio destino, pois ele é construido pelas causas desse plano ou de outro anterior. Quanto ao cérebro, clicheramente falando, queria que o lado da razão falasse mais alto. Não é o que me acontece. Que o diga os múltiplos rompantes que me invadem. Ai a voz abafada dá lugar a uma estridência violenta, a falsidade necessária, ou política da boa vizinhança dá lugar ao foda-se!
     Acabara meus cigarros, e há muitos livros ainda plastificados. O café de Dubai estando fresco é bom. O mundo lá fora não me atrai em nada. Cai o peso das míseras conquistas. Mais só isso? Tão pouco cedi à vida, que ela me responde com um vazio maior que o buraco na camada de ozônio. Se olho em volta parece que todos entendem o que é estar vivo. É difícil acreditar que fui adolescente, oh fase de imbecilidade! Passei apenas. É o que faço, passo pela vida sem deixar marcas, saudades... tou é fazendo hora extra. #partiujúpiter. Parece que tenho uma bola de gude, ou ovinho de amendoim no lugar de um cérebro.
     É feriado e eu não queria está na praia, num restaurante, num cinema... em lugar nenhum. Pra quê? Tudo ia acabar mesmo. E quanto mais se vive, mais nos aproximamos da morte. Notívago? Não sou felizmente. O ruim são alguns desvarios oníricos dignos de Alice num país precisando de maravilhas. Cansei de tudo, de mim. Mas tenho de ser ator e desempenhar bem vários papéis. De preferencia de personagens bem secundárias, figurantes, estão bom pra mim. Farto de tomar algumas dores do mundo,  ter que argumentar, suportar ignorância. Farto das pequenas distrações mas, anseio para ver por milhares de décadas o pôr do sol.

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