sábado, 16 de maio de 2015

Geração #eusoacho

     Não. Não adianta dizer que é a falta de tempo que impede as pessoas de pensar. Tempo é a gente que faz. Talvez seja a falsa impressão de que a tecnologia de informação clareia tudo. O fato é que "nunca na história desse país" as pessoas demonstraram tanta incoerência. Quando não demonstram, é porque estão sob os domínios do fanatismo religioso. Este, declaradamente, constitue um verdadeiro limite de pensamento, de delimitação de horizontes, que vai na contramão dos mundanos ultra-liberais, embora em alguns pontos converja para uma mente fechada ou falsamente aberta.
      Muitos fatores corroboram para uma desorientação dos indivíduos. Justamente a tecnologia, tem sua parcela de culpa. Entra-se no Facebook e o que se vê, são o compartilhamento de frases banais com "aspirações filosóficas". Não bastasse isso, algumas tem a infâmia de serem atribuídas a algum cânone literário, quando sabe-se que o indivíduo  nunca leu um romance de Machado de Assis, por exemplo. No entanto ilude-se por uma singela frase prontinha, enlatada: "É isso que eu sinto." Quando na verdade, nada expressa melhor o sentimento, que aquilo que nos dispomos a relatar de punho próprio. São nossos pensamentos, nossos erros (se houver), nossa verdade construida por mãos próprias. Não que o indivíduo deva gostar de literatura, a questão aqui é a falta de aprofundamento em questões humanas que isso aponta, pois a sociedade encontra-se imersa numa falsa sensação de praticidade. Isso, é consequência da ilusão midiática a que são submetidos, aliás, submetem-se, uma vez que não se dispoem a analisar fatos, refletir, não leem. Logo: vítimas de correntes ideológicas, o que acarreta no discurso de ódio (ao homossexual, ao imigrante pobre, ao negro, etc) e propagação de velhos preconceitos, alguns ancorados por uma moral cristã. 
       Certamente, muitos ouviram de amigos estarrecidos os piores temores acerca do beijo gay na novela, certo? Todavia, alguns desses mesmos indivíduos estarrecidos, temerosos, estarão na Parada LGBT demonstrando uma parcela de aceitação, já que sua mentalidade não encontra-se de todo esclarecida, pois ele (a) esculachou o beijo das Senhoras da novela. Também, certamente, deve ser daqueles que, perguntado sobre a adoção de crianças por casais gays, dirá que teme pelo psicológico da criança, o buylling que ela sofrerá. Mas deconfortável mesmo, é o temor dos fanáticos religiosos, evangélicos. Certa feita, ouvi no café da manhã da empresa: - Podem casar. Eu não tenho preconceito. Mas não falem o nome de Deus! Isso não!  Quase que eu me levantei, mas como sempre, fiz a egípcia ou a Sandy, toda certinha e delicada. Queria dizer que eu não era filho de Deus, mas parte do universo e que prezo pela vida, pela benevolência, mas ai a conversa ia tomar rumos bem mais densos, tensos mesmo. Me aquietei. 
       Bom, na verdade soa pessimista constatar esse constrate, ou melhor, essa proliferação de vozes, frases tomadas como verdades incontestáveis. Vejo que o que falta é um aprofundamento, uma busca incessante pelas "verdades" da humanidade. A Educação existe para isso, entretanto, ela virou mercadoria. Não é para todos como diz na Lei, é para quem pode pagar. A Educação Pública há tempos está abandonada pelas autoridades. Estes, com esse "boicote" a educação, corroboram com a geração do #eusoacho.  
       

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