sábado, 9 de maio de 2015

Tédio?

       Era domingo de tarde, a melhor hora do dia, então, da minha área de serviço eu tinha: o vermelho dos telhados a perder de vista; os barracos da "comunidade" enfeiando São Paulo; a rua vazia, tinha também um casal sentado na calçada, esses, aparentavam está na casa dos cinquenta. Boa idade. Chegarei lá, espero. Mesmo de agora, prometi filtrar um monte de coisas, me aprofundar nas coisas. Poucas, porque o que importa é qualidade, não quantidade. Tudo é ilusório, menos a dor. Até mesmo o amor é ilusão, ou desilusão? Não sei, pois nunca amei.
      Creio que são bem poucas as pessoas descentralisadas, como eu. Que bom né! Estando em completa desvantagem com os outros, prometi fazer  só o que me interessa, de uma forma ou de outra não vou agradar mesmo. Nem de longe lembro a personagem de Almodovar do filme Tudo sobre minha mãe. Não entendo como as pessoas ficam entediadas tão facilmente. Tédio são as redes sociais. Na verdade, eu que esqueço de mim, dai não entendo o tédio dos (nos) outros. O tédio nem pensa em se aproximar de mim, pois logo penso nos "1001 discos para ouvir antes de morrer", também nos livros e filmes... então, ao que parece sou um ser que só ver as coisas, não age, não reage a própria vida. Céus, o que sou?
      O negócio é ter foco, já dizia a professora 13 de literatura inglesa. Dizia também que era pra termos vida fora do campus universitário. Sempre tenho, minha filha. Nessas aulas, comecei a me interessar por Poe, até hoje o único escritor americano que li. Mas é por enquanto. Tudo é por enquanto, enquanto se vive. Isso é Clarice Lispector. E que instantes taciturnos nesse frio outonal. Minha alma congelou. A inspiração debandou também me deixando um vazio e não é fome. Já sei vou fazer daimoku, meu alimento necessário pra continuar... o quê mesmo? Ah sim, a ser engolido por essa cidade, pelo tempo, o dono de tudo e única coisa que existe. O resto é ilusão, inclusive as coisas das quais gostamos-gastamos dinheiro e TEMPO são ilusórias. "Parem esse mundo que eu quero descer/ tudo é dinheiro o amor pra onde vai?" Descer pra onde Vanessa da Mata? Brincadeira, Passarinha, sua música é ótima pra pensar o mundo. Ai, essas músicas que me vem do nada... ,assim como as múltiplas vozes aparentemente perdidas no TEMPO que me acham novamente...

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