Na coletânea de ensaios A
civilização do espetáculo, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, expõe um
grande inconformismo acerca da atual situação mundial no que se refere à
criação de valores, e a todas as formas
de culturas assimiladas em todos os cantos do mundo. A literatura e outras
expressões artísticas, a religião e também o sexo, são aspectos analisados por
Mário sob um viés pessimista e desesperançoso.
A civilização do espetáculo, segundo Mario
Vargas llosa, é a sociedade que prioriza o entretenimento a qualquer custo. Que
prefere quantidade à qualidade. O que seria um dos fatores negativos da
globalização que possibilita o fácil acesso a produtos culturais pelas massas. O
autor exemplifica, argumentando que a simples visita a um museu, por quem antes
não tinha condições, não significa que seja realizada com o intuito de conhecer
o valor artístico ali presente, mas apenas para ser visto em lugares cultuados.
Estudar, buscar reconhecer a origem de um patrimônio cultural é algo que
demanda esforço, rigor analítico, fatores que “a civilização do espetáculo”
procura não disseminar pelas próprias massas, que nas últimas décadas sentiram-se incluídas
na sociedade devido ao aumento do poder de consumo.
Essa disposição ao entretenimento acima
de tudo, é nocisa a toda atividade com intuito de grandeza, de perpetuação no
tempo. São provas disso o sucesso atribuído a livros de subliteratura
vampiresca, que são lançados em série sob o aval de um marketing ferrenho. E
não tarde são substituídos por outro e outra modinha da vez. O mesmo se aplica
à música, aos filmes hollywoodianos e, também as telenovelas brasileiras
(bestiais a mais não poder), que
são citadas nesse ensaio llosiano como exemplos da
decadência artística. Marca preponderante de nosso tempo, assim como a
tendência ao exibicionismo em detrimento da vida privada, que é um direito de
todo indivíduo que preze pela ética e o respeito da liberdade individual.
Aliás, esse exibicionismo exacerbado resvala noutra característica “espetacular”:
o desaparecimento do erotismo. Sexo, outrora tabu, agora é assunto corriqueiro
e atividade mecânica. Uma rasteira da liberdade alcançada nos últimos tempos!
Acabou o desejo velado; O pudor que aguça e termina-se por atingir orgasmos significantes
ao conseguir o ato desejado. A pornografia, como sabiamente aponta Llosa,
animaliza esse ato tão extasiante que é o sexo.
Esses ensaios são leitura obrigatória
para qualquer leitor, sobretudo aqueles que ainda não perceberam a gravidade em
que estamos imersos. Não raro ouvimos exclamações saudosistas: “Bom era no meu
tempo”. Não é uma simples saudade da juventude perdida. É que estamos em tempos
saturados e insípidos mesmo! Queria não concordar com o pessimismo de Llosa,
mas a realidade está a nossa frente.
Que legal! Eu li esse livro e achei o máximooooo!
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