terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Fundamental II ou NDO






     Minhas férias estão sendo ótimas. Minha mãe veio passar uns dias em casa. Além da comidinha de mamãe, made in Piaui, gostosíssima: courinho de leitoa, carne seca pisada, galinha caipira, tapioca... e não engordo de ruim. Pois mamys não me deixa lavar um copo! Férias aqui mesmo em Sampa, o melhor lugar do mundo. Ainda tenho muito que aproveitar.
     Fazendo dos segundos, instantes surreais; viajando com o  papagaio no ar que o vizinho soltava; inalando o cheiro da chuva, lavando minh'alma; vendo pela TV as típicas tragédias, os acidentes na estrada nos feriados; devorando, sorvendo, sentindo, mastigando a ironia redundante do André Sant'Anna; enloquecendo, arrepiando, inebriando com os gritos rasgantes e apoplégicos do Sam Smith: é orgástico, ou seria orgásmico? Só sei que é foda! Ai aquela gay é tudo. E vou fumando na minha área e fazendo a G.H. joguei a bituca na rua, com uma impáfia, de cima de meu sobrado (alugado), comugando comigo mesmo: o ideal humano. Eu que não vou comungar com barata porra nenhuma. E é férias: quando irei ao museu? levar mamys pra conhecer a síntese do mundo, o núcleo: São Paulo, comoção da vida do Mário de Andrade. Minha também. Agora tou enloquecendo, tentando pegar alguma coisa... tanta informação, tanta propaganda. Filtrando, garipando aqui e ali. Esperando minh'alma gêmea que tá vindo em passos de cágado. Silenciando a mim e na rua nem barulho de moto, nem de arruaceiros. Ainda bem que eu não moro nas quebradas da vida! Eu que sou da classe baixa que é alta em estima. Não sou obrigado! Disseram que gosto de música de rico. Oh povo! Que tem a ver gosto musical com classe social? O povo se prende aos estereótipos e acha o máximo. Cansando minha beleza com a programação da TV aberta, ainda bem que tenho de visitar os parentes e fazer o social. Eu que tenho um ar blasé. Sem ter onde cair morta. Mas é férias! Que morte o quê! Quando se está em Sampa que é pulsão de vida. Todo mundo sabe e a inveja por isso. Eu um filho adotado de Sampa. Tou é me cansando de não escrever coisas importantes, que não para mim mesmo. Mas não invejo ninguém, pois fluindo a vida e me deixando ser: vou sendo e já basta. 

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