domingo, 9 de novembro de 2014

Spiritual Boy


       Sim, desde os primórdios procurei a proteção de alguma divindade. Aliás, seria quase impossível não encontrar, quando se nasce e se é criado num povoado católico ao extremo. Lá todos sabiam os dias dos santos, inclusive o nome do povoado, era de um deles. Nas missas o hino do santo padroeiro é cantado com um fervor imensurável. Povoado pequeno de grande maioria católica, seguir outra vertente cristã, diga-se: evangélico, não se é de bom grado. Imagine uma religião não cristã. Um tradicionalismo, um apego a terra e seus costumes antiquíssimos, são características imexíveis para esses habitantes. As modernidades vistas pela TV e redes sociais, não altera em quase nada a mentalidade dos habitantes. Embora isso lá tenha seus pontos positivos, pois muitos dos conteúdos e ideologias propagadas não são de grande valor mesmo.
     Bem, religião, com o passar das décadas fui desgostando dessa palavra. As inúmeras subdivisões das igrejas, mesmo sendo o objeto de devoção das mesmas um só, paira no ar a questão: porque se o objeto de fé é o mesmo, e esse mesmo objeto é analisado através de semelhante escrito, a Bíblia sagrada, qual a razão de que numa doutrina não se é permitido um padre casar? Noutra não se pode fazer transfusão de sangue? noutra as"servas" usam aquelas saias horríveis até a sola do pé? E quando usam saia até o joelho calçando um tênis? É o cúmulo do mal gosto! Tantas sandálias rasteirinhas bonitas, melissas... oh breguice!  Ainda bem que Alexander Mcqueen não habita mais nesse plano. Ele teria uma síncope se visse isso. Sim, essas crendices cristãs me dão nos nervos. Não pode isso, nem aquilo, mão naquilo, aquilo sabe-se lá onde... por isso se vê o que acontece por trás dos altares. Vê-se também a hipocrisia de muitos que se dizem crentes, que são pretensiosos até o último fio de cabelo. O homem pode é abraçar essas religiões, que não consegue escapar da sua condição de fraco e imperfeito. Daí o dizer: a carne é fraca. Mas e a alma? A esta resta, carregar a dor por ter sucumbido a sua maldade inerente.
       Uma muito conhecida minha, quase parente, ficou estarrecida ao saber que larguei o cristianismo. Ela, devido a muitas provações, entregou-se a Cristo de corpo, alma, cabelo e maquiagem. Gosto muito dela. Mas eu já nasci desobedendo os padrões impostos e tão compreensíveis por todos. Todos do meu povoado. Eu, o renegado, um marginal. Salvo por uma falsa inteligência. É só o que tenho: uma sensibilidade a flor da pele, mas que porta um abismo no lugar de um coração. Passei a embarcar noutras filosofias, que não as cristãs. Como um jovem praticante dissera: de Deus, retire o D e o S. Pois é exatamente nas letras que restou, que passei a nortear minhas atitudes para o próprio bem e o de todos. Do contrário seria egoísmo. O que não é bom. Não estabelece um vínculo recíproco com o outro. Altruísmo é reconhecer a dignidade de todos, já que somos formados da mesma matéria, e voltaremos ao pó. De cinzas, que eu que não quero ser enterrado pra terra me roer até os cabelos, como naquele poema do Augusto dos Anjos. Quero a iluminação de um Buda. Ei de manifestar o meu estado de Buda.Tenho que evitar ao máximo expressar minha ira, é tão de mim perder a linha porque qualquer bobagem. Mentalizarei o mantra da iluminação, sempre que uma ameaça der os primeiros indícios. 

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