domingo, 23 de novembro de 2014

Weirdo



       Entro na loja,olho as ofertas, reolho... nada do que preciso. Tanta coisa útil pra fazer e eu a sucumbir a impulsos consumistas. Como as mulheres, que possuem o guarda-roupa abarrotado, e exclamam: não tenho nada para vestir! Enchi-me de nada. Aliás de tudo. Farto de tudo. Dos impostos, das filas dos bancos, supermercados, pra tudo tem fila, inclusive pra morte. Pra morrer, de modo generalizante, não sentimos a mesma impaciência de aguardar na fila: morre-se a qualquer segundo, basta um desastre orquestrado pela falha, que faz parte de nossa condição. Condição que herdamos do macrocosmo, sendo microcosmo que somos. 
      Então, agora, estou com um café fraco, um cigarro apagado, um livro por começar a ler... sendo copiosamente obrigado a ser eu mesmo. Prostrado como um pária. Um inútil. Vi filmes que não tenho a menor ideia de para quem falar deles. Eu. "você não sabe nem se expressar". Disseram-me. Nunca esqueci. A mesma pessoa disse-me: "aqui nessa indústria vital, ninguém é amigo. É tudo fachada." Eu, o Macabéo. Só sei mesmo é apreciar a entrega à vida, que os bem resolvidos, nessa terra expõem. É tudo tão familiar aos outros... Os significados atribuidos a qualquer coisas são aceitos numa boa. Quase ninguém questiona nada. É. Ficou pra ser assim. Cresci ouvindo coisas desse tipo. E não é nada confortável está na pele de quem não entende. "Se eu entender estou errando". "Entender é a prova do erro." Concordo em tudo que essas duas frases exprime. Se entendo, é porque errei ou errei porque sou imperfeito. Afinal pra que querer a perfeição? Já que, por aqui todo mundo (quase) erra pra caramba, porque há um ser supremo (????????????) que tudo perdoa. É cômodo demais isso, digo viver acreditando nisso. Eu, literalmente, não existe para estes. 
       A professora do ensino médio, há uns quinze anos atrás, dissera: "uns 99% das coisas não presta ou não gostamos". Por que isso me veio a mente? Oh fossa em que me encontro! Pudera fazer tudo diferente. É uma necessidade. Tou é farto da minha falta de "lirismo comedido". Bakhtin a culpa é toda sua. Você e esse seu dialogismo,  é que me faz lembrar de poemas, outros discursos seculares e afins. Melhor assim, ainda bem que os discursos ultrapassaram o jardim do Éden. Eu que não queria conversar com o Adão, com a Eva, com a serpente (cruzes)... ficar só comendo as frutas, a do conhecimento eu como bastante. Pra que me serve esse conhecimento? Não faço a menor ideia... basta ver o agora: tou obrigado a ser "penosamente" eu mesmo. Não que eu queria ser outra pessoa, isso não tem lógica. Mesmo quando esse corpo se for, a essência eduardiana soprará noutro. Resolverei meus infinitos carmas, até... entrar no nirvana, que não é aquela banda, é outra coisa mais importante. Poucos sabem, por enquanto. Sou otimista.
     

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