segunda-feira, 21 de abril de 2014

A fossa nova

You, you don’t kiss when you kiss,
You don’t f*ck when you f*ck
You don’t say what you mean, you don’t talk not enough
No possible, impossible patience
Impossible
(Fiona Apple)

       Ao assistir ao aguardado Ninfomaníaca vols. I e II, de Lars Von Trier, fiquei levemente perturbado com duas frases que aparecem no filme. Vou abster-me de explanar se essa obra é bem feita ou não. Tampouco discorrerei sobre o roteiro, esse, não só os cinéfilos devem saber: Ninfomaníaca, teve uma grande campanha publicitária, um dos thrailers foi exibido até, por um descuido, (será?) numa sessão infantil nos EUA. Sem falar nos cartazes super ousados, com o elenco em situações orgásticas. Ninfomaníaca, não é nem de longe a obra-prima do fodaço Lars Von Trier. Entretanto, vale a pena assistir.
        Bem, a primeira frase que fiquei martelando dias e noites foi: " O ingrediente secreto do sexo é o amor." Excluindo o contexto da narrativa cinematográfica e partindo para a minha concepção, do meu viver, essa frase soa-me arrebatadora. Faz-me refletir até onde se deve separar amor e sexo. Não sou nenhum expert em nenhum dos dois. Vida amorosa e sexual que é um fracasso total. E penso seriamente (herança religiosa?) que sexo tem de ser o complemento do amor sim. Pois, o que é um gozo, comparado a estima e espera de um ser amado? Estou sendo romântico e piegas demais? Quem encontrou sua cara metade e goza de uma vida sexual ativa ganhou na loto. Evocando a canção de Rita Lee: " Sexo vem dos outros e vai embora, amor vem de nós e demora." Esse modo de viver, querendo sempre mais e mais das coisas não é fácil. Suporta-se na medida do possível. Vez em quando, alguém indaga: - Você está sempre sozinho. E nem é tão feio... você escolhe muito... - Pois se quase não tenho tempo... dali mil desculpas. Fazer o que, se não me é facil contentar com minutos de prazer que não serão mais que minutos- passados- de- prazer. E no dia seguinte baterá até um certo asco e a indagação: -Mas então é só isso?
        A segunda frase é: " Meu pecado é que eu sempre exigi mais do pôr do sol." Essa, foi dita pela protagonista do filme. E, encantou-me de imediato. Sim, também eu exigi muito que o por do sol trouxesse noites de luar inebriantes! E que a solidão fosse uma vaga lembrança. E que não houvesse tanto barulho das motos dos entregadores de pizza.  Nem de arruaceiros voltando das baladas. Não, não..., é periclitante estar assim à beira dos acontecimentos alheios. Assistindo ao tempo escorrer como fios invisíveis porém, ultra-sensíveis até o último átomo de segundo. E assim como a maioria das pessoas, o clichê dos trópicos é gostar de dormir ao som de pingos de chuva. De conchinha não gosto não. Tudo tem limite até mesmo romantismo. Só espero que o preço que pagarei por esse "pecado" não seja tão caro. Que as noite sejam frescas, aconchegantes. E, antes seguras, que entregues a momentos que nada edificarão.Nada acrescentarão a um viver metódico. Mas, as vezes bate um receio de não arriscar, não arriscar e de repente chegar-se, na velhice! E que mico que é ficar pagando de boyzinho na balada e carregar uns cinquentão nas costas! Ainda bem que estou muito bem casado! Com os livros e devaneios acerca de nada e um pouco menos.
       

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