Céu em foto da fase Tropix |
Tropix
é o quarto álbum de estúdio da cantora paulistana Céu, há pouco mais de um ano
do seu lançamento, a cantora continua colhendo os frutos desse primoroso trabalho.
Seu show na última edição do Lollapalooza Brasil ratifica o quanto a sua música
é universal, tanto pela versatilidade dos arranjos, quanto pela poeticidade que
emana de suas composições. No aclamado álbum apenas duas faixas não foram
compostas por ela: “Chico Buarque song”, um cover da banda Felini e “A nave vai”,
composta por Jorge Du peixe, esta, uma das mais irresistíveis do Tropix, sendo
a faixa que encerra os shows da turnê. Certamente é uma das melhores do álbum, essa composição aborda, entre outras acepções, a nossa
insignificância nessa “nave”, ou o nossa inconstância e os desdobramentos – “De
manhã sou um, de noite já fui dois.” “Seremos quem somos ou serei quem sois.”
Outra
característica do Tropix é a abordagem do social, ou seja, Céu conserva seu
intimismo nas composições, mas abriu o leque para uma esfera maior tematizando
a responsabilidade com os filhos, isto é, na faixa “Rapsódia brasilis” o eu
lírico incorpora a figura da empregada que fica com a criança durante grande
parte do tempo, observando seu crescimento, as brincadeiras, uma vez que,
geralmente a patroa/mãe, trabalha fora e “delega” - expressão empregada pela própria
Céu numa entrevista – à empregada ou babá
a função de cuidar dos filhos. Basicamente é uma composição que vai ao encontro
do que é retratado no filme “Que horas ela volta”, obra de outra ilustre paulistana,
Anna Muylaert. Rapsódia brasilis é a faixa que abre os shows da turnê, seguida
pela primeira a ser divulgada do álbum “Perfume do invisível”, faixa empolgante
e que sintetiza o ideal desse trabalho: a utilização sonora de linguagem
eletrônica, o pixel, dai Tropix, um eletrônico somado a brasilidade dos
trópicos.
Já
que falei em brasilidade, em tropical, não há como esquecer da faixa que teve
mais aceitação nesse trabalho da Céu: “Varanda suspensa”, a letra versa sobre uma paisagem do litoral norte paulista,
reminiscências de quando a cantora ia passar as férias, há muito tempo,
provavelmente em criança, em casa de avós em São Sebastião. Impressiona como
algo tão simples, transforma-se em pura poesia nos dedos e garganta de Céu. E
também o mérito deve ser atribuído aos produtores desta canção e do trabalho
como um todo. Tropix é certamente um dos seus melhores trabalhos. Não há faixa
que se queira pular, pois cada uma possui uma peculiaridade a ser apreciada e
geralmente é a poesia da compositora. Não há como ficar inerte quando ela
embala “Saiba, meu amor/Cuidarei de nós/Mesmo quando eu for/ Em busca de mim/Em
busca do que/Faz você me amar/Mais. Alguns exaltados até comparam-na com Maria
Bethania, o que nem é preciso, Céu é ela mesma!
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