Trilha sonora da novela exibida em 1994 |
Tudo começou com a
volta do vinil, que por sinal custam muito caro, mas a vitrola fora um
inestimável presente. O primeiro vinil ganhei antes mesmo do aparelho.
Novíssimo claro, o LP Tropix da cantora e compositora paulistana Céu. Todo fim
de semana a faxina é com a bolacha girando devagar ao volume que irradie pelo
parco ambiente de dois cômodos que habito. O amigo conterrâneo comentou o
hábito retrógrado, mas eu disse-lhe “é vintage” ao que ele esboçou um “ahh”. Mas
como adquirir os vinis novos com tão salgados preços? O jeito é garimpar os
discos do século XX nos sebos, o que não falta em Sampa, não é mesmo? Enquanto
99% das pessoas, meu namorado inclusive, viça o brilho no olhar com o novo
comercial do mais novo aparelho celular, do meu lado mesmo, no intervalo da
novela. Não sinto nada mesmo por essa inovação toda! Por mais lindo que seja o
celular.
Que sensação
radiante! Por outro lado, parece-me, mais um indício da insatisfação pelo
presente. Sim, a confirmação veio com o apreço às trilhas internacionais de
novelas. As do século passado, claro! Precisamente as da última década, os anos
noventa foram minha descoberta do mundo. A imersão na horrível fase que é a
adolescência. Bem, mas naquela década, as telenovelas da Globo eram bem
contadas. Quem dessa época não recorda de “Quatro por Quatro” ou “Vamp”? E a
trilha sonora é um capítulo à parte. Hoje tudo soa previsível demais... as
redes sociais tem sua parcela de culpa, os assuntos infestam-se por timelines
até esgotarem o sumo e dar vez a outro assunto e no fim tudo é mais do mesmo. O
que fica? O presente me aniquila, volto ao passado pra recuperar algum
sentimento. As bolachas com os atores na capa servem de antídoto para ultrapassar.
Breguice? Que seja, mas as canções até provocam epifanias. Talvez faziam muito
sucesso pela pouca competitividade, então os músicos tiveram nessa época sua
fase áurea. Quem não recorda o Pet Shop Boys, Bon Jovi, Information Society, Sade,
enfim, inúmeros que até continuam na ativa, mas o som daquela época era tudo!
Só não consigo lembrar que personagem da novela certa canção era tema, até porque muitas novelas eu nem
assistir. Depois darei uma olhada no canal Viva.
Pego-me a lembrar
que nessa década de noventa muitos assuntos eram um tabu desgraçado! Ah...
mesmo assim que saudade que deu... “o passado é uma selva de horrores” disse R.
M. D. mas bem que eu voltaria no tempo... pra variar, a beleza de Marion
Cotillard leva-me a assistir “Meia noite em Paris” que aborda, entre outras
coisas essa insatisfação com o presente – sob o ponto de vista de ilustres como
F. Scott Fitzgerald, Salvador Dali, Paul Gauguin, entre outros e do protagonista
do filme “Gil Pender” vivido por Owen Wilson, na verdade a personificação do
grande Woody Allen. O que seria de mim sem filmes bons como esse... cumpriria
meu destino, ora essa! Por enquanto enamoro-me dos LPS baratos de trilhas de
novelas com as atrizes nas capas ostentando penteados à moda da época. As
canções soam tão autênticas, doces melodias, etéreas, já nem sei como descrever
as sensações nostálgicas. Mas nem adianta me convidarem pra festas temáticas
tipo “flashbacks” que provavelmente não irei. Velho, eu ao menos, durmo com as
galinhas.
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