domingo, 9 de abril de 2017

Nostalgia

Trilha sonora da novela exibida em 1994
  Tudo começou com a volta do vinil, que por sinal custam muito caro, mas a vitrola fora um inestimável presente. O primeiro vinil ganhei antes mesmo do aparelho. Novíssimo claro, o LP Tropix da cantora e compositora paulistana Céu. Todo fim de semana a faxina é com a bolacha girando devagar ao volume que irradie pelo parco ambiente de dois cômodos que habito. O amigo conterrâneo comentou o hábito retrógrado, mas eu disse-lhe “é vintage” ao que ele esboçou um “ahh”. Mas como adquirir os vinis novos com tão salgados preços? O jeito é garimpar os discos do século XX nos sebos, o que não falta em Sampa, não é mesmo? Enquanto 99% das pessoas, meu namorado inclusive, viça o brilho no olhar com o novo comercial do mais novo aparelho celular, do meu lado mesmo, no intervalo da novela. Não sinto nada mesmo por essa inovação toda! Por mais lindo que seja o celular.
  Que sensação radiante! Por outro lado, parece-me, mais um indício da insatisfação pelo presente. Sim, a confirmação veio com o apreço às trilhas internacionais de novelas. As do século passado, claro! Precisamente as da última década, os anos noventa foram minha descoberta do mundo. A imersão na horrível fase que é a adolescência. Bem, mas naquela década, as telenovelas da Globo eram bem contadas. Quem dessa época não recorda de “Quatro por Quatro” ou “Vamp”? E a trilha sonora é um capítulo à parte. Hoje tudo soa previsível demais... as redes sociais tem sua parcela de culpa, os assuntos infestam-se por timelines até esgotarem o sumo e dar vez a outro assunto e no fim tudo é mais do mesmo. O que fica? O presente me aniquila, volto ao passado pra recuperar algum sentimento. As bolachas com os atores na capa servem de antídoto para ultrapassar. Breguice? Que seja, mas as canções até provocam epifanias. Talvez faziam muito sucesso pela pouca competitividade, então os músicos tiveram nessa época sua fase áurea. Quem não recorda o Pet Shop Boys, Bon Jovi, Information Society, Sade, enfim, inúmeros que até continuam na ativa, mas o som daquela época era tudo! Só não consigo lembrar que personagem da novela certa canção era  tema, até porque muitas novelas eu nem assistir. Depois darei uma olhada no canal Viva.

  Pego-me a lembrar que nessa década de noventa muitos assuntos eram um tabu desgraçado! Ah... mesmo assim que saudade que deu... “o passado é uma selva de horrores” disse R. M. D. mas bem que eu voltaria no tempo... pra variar, a beleza de Marion Cotillard leva-me a assistir “Meia noite em Paris” que aborda, entre outras coisas essa insatisfação com o presente – sob o ponto de vista de ilustres como F. Scott Fitzgerald, Salvador Dali, Paul Gauguin, entre outros e do protagonista do filme “Gil Pender” vivido por Owen Wilson, na verdade a personificação do grande Woody Allen. O que seria de mim sem filmes bons como esse... cumpriria meu destino, ora essa! Por enquanto enamoro-me dos LPS baratos de trilhas de novelas com as atrizes nas capas ostentando penteados à moda da época. As canções soam tão autênticas, doces melodias, etéreas, já nem sei como descrever as sensações nostálgicas. Mas nem adianta me convidarem pra festas temáticas tipo “flashbacks” que provavelmente não irei. Velho, eu ao menos, durmo com as galinhas. 

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