Ao som de Brand New Me, By Alicia Keys
É com um certo pesar que nem sei do que discorrer aqui. Bateu um
vazio. Uma impotência: “Não é nada é só coisa da sua cabeça” me dirão alguns. O
que importa? Aqui estou. Já é outro momento. Consigo superar qualquer coisa.
Fingindo não sentir é meu modo de não encarar a realidade. Não nos damos muito
bem. Tentei entendê-la mas, até agora é só estarrecimento, estapafúrdia e mais
um a porrada de substantivos desagradáveis. E que calor dos infernos! “Mas você
é nordestino” disseram-me. Outra escarneou: “O Du é do Sul” Que porra! Falem
bem falem mal, mas falem de mim. E assim linda e loira (Who?) mantive minha
altivez, com o suor escorrendo em plena tarde no centro paulistano.
Esse ano vai ser babado. Vai ter copa
aqui, vai ter eleições e claro, aqueles velhos problemas que afetam o cidadão
comum, que trabalha para pagar um monte de impostos. E muitas vezes, não tem o
retorno de sua contribuição. Vou discordar de José Simão: Nóis sofre, mas às
vezes nóis não goza. Ao contrário, gozam da nossa cara. Tão tirando a favela. Vide
a polêmica dos rolezinhos. Algumas das marcas “ostentadas” pelos famosos
participantes dos rolezinhos, não gostaram nada de ter sua imagem associada aos
rolezeiros. “Nóis só quer curtir” dizem
eles. Fico pasmo com tanta alienação e aproveitamento disso por parte de
outros. Nada está perdido, pra cada ação, uma reação. Uma semente, nem sempre
frutificará para quem a plantou. No nascimento do fruto, tantos carpiram a
terra, regaram a planta e então, cada um pega sorrateiramente o que lhe convém.
Quanto pessimismo né? Pois é. E é tudo tão incerto, como filosofou Clarice
Lispector.
Pra variar, estou abalado por quem
sucumbiu a maldição das drogas. Foi no domingo, 02 de fevereiro, um ator
hollywoodiano talentosíssimo se foi. Como somos falíveis. Veja só: rico,
famoso, uma bela família, carreira em ascensão... ele deixou tudo e todos que
lhe admiravam. O mundo está perdido. Eu sei. É tão mesquinho qualquer forma de
envolvimento com entorpecentes. Quantos não já se foram? Quantos ainda vão
sucumbir a estas? Às vezes dá vontade de ir a um mosteiro e ficar o resto da
vida. Talvez o desejo seja mesmo o culpado de nossa infelicidade. Digo,
daqueles que recorrem a qualquer meio para não enfrentar, com lucidez e
determinação as durezas e complicações das gentes. Oh espíritos errantes sobre a terra! Castro
Alves, seu lindo, errantes era no seu tempo. Agora a coisa tá feia mesmo. Pra se
viver, tem que filtrar muita coisa. É tanta informação, tanta promoção, tanta
frivolidade, tanta banalização. Cansa só de constatar.
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