sábado, 4 de março de 2017

La La Land

Os atores Emma Stone e Ryan Gosling em perfeita sintonia
   Para os amantes do cinema, a temporada de premiações, especialmente quando são divulgadas as produções que concorrem ao Oscar, a corrida ao cinema é inevitável. A menos que as condições financeiras impossibilitem, mas nossa curiosidade em conferir os filmes mais indicados é tamanha que tentamos driblar a escassez monetária. No mais, é curiosidade mesmo ou um grau de intelectualidade que nos seduz. Sim, mesmo não sendo expert na sétima arte, apesar do repertório paupérrimo que sei acerca da história do cinema e dos poucos clássicos assistidos, sou um aspirante a cinéfilo. Pretensão? Que seja. Bem, logo que começou a especulação em torno de “La La land”, a curiosidade bateu minha porta. Quando o filme levou vários prêmios no Golden Globe e sucederam-se as catorze indicações ao Oscar a curiosidade foi geral. “Que esse filme tem de tão bom?” “O que significa esse título?” Se o assunto era cinema, o filme de Damien Chazelle era o mais pronunciado. Afinal, trata-se do mesmo diretor de Whiplash: em busca da perfeição, filme vencedor de três Oscars!
   Então corri ao cinema próximo de meu bairro que pertence à região do centro expandido de São Paulo: o cinema do Shopping Metrô Boulevard Tatuapé não é tão lotado quanto o outro, ainda assim, a fila de umas quarenta pessoas estava a me deixar impaciente. Poderia comprar nas máquinas, onde as filas eram menores, mas minha aversão à tecnologia e tudo que soa moderníssimo falou mais alto, preferi encarar o jovem guichê e comprar uma inteira para ver La La land e assim me senti antenado e não  fazer a Glória Pires nos papos sobre cinema. Estava na companhia de meu namorado, literalmente, era só sua companhia mesmo, pois é pessoa que prefere os filmes barulhentos de ação, ou os do tipo “baseado em fatos reais”, e que sejam dublados, "pois nós falamos português!" Como percebem, estou mesmo arranjado. Comecei a entoar “City of stars” ansioso pra  ver a aclamada obra de Damien Chazelle. Ao adentrar a sala cinco, percebo que os assentos eram ocupados por muitas crianças, acompanhadas dos pais ou tios, claro. Pus-me a pensar: Será que viram algo de  lúdico no título? Seriam as indicações ao Oscar que aguçou a curiosidade dos pais dessa ala infantojuvenil? Havia tantas opções de filmes...

   Passado os trailers, concentro-me em La La Land com a devoção de um católico praticante. Seduzido pela estética cinematográfica do jovem Chazelle, tento devorar o estranho e expressivo rosto de Emma Stone; A beleza e o carisma de Ryan Gosling aqui funcionam excepcionalmente. A sintonia do casal proporciona um show de atuação e apesar de não serem dançarinos, suas performances confirmam o empenho dedicado para não fazer feio. Até porque quem conhece o diretor, Chazelle, fala que o moço é perfeccionista. O roteiro é cativante, abordando a busca pelos sonhos, os verdadeiros e quase impossíveis sonhos. Conseguirão? Terá um happy end? E quando os sonhos envolvem a própria arte? Mia (Emma Stone) persegue a carreira de atriz, já Sebastian (Gosling) quer abrir seu próprio clube de jazz e com que propriedade seu personagem detalha seu amor por esse gênero musical! Bom, mas há certas salas de cinemas em que as pessoas parecem confundir com a sala de casa! Sabia que essa plateia infantil não estava caindo nada bem... ora ouvia-se cochichos, ora risadas, um certo incômodo que certamente não ocorreria nos circuitos mais alternativos. Não bastasse os pais a ajeitarem as crianças, do meu lado meu namorado sonha e não é o sonho dos protagonistas de La La Land, mas o seu próprio! Só faltou roncar. Uma sacola caiu-lhe sobre seus pés e o despertou por alguns minutos. A medida que as estações sucediam-se, algumas pessoas resmungavam, a poesia, a beleza do filme não os tocara. Quando apareceram as letrinhas “the end” uma garotinha beirando uns nove anos deu "Graças a Deus" soltou um grito de alegria e em seguida levantou-se eufórica pelo término de tão “péssima” escolha de filme a ser assistido. Uma senhora da fileira da frente indagava como uma “bosta” dessa foi indicada ao Oscar. Já meu namorado, bem melhor não comentar... eu continuo em busca dos meus sonhos nessa ou noutra land.

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