sábado, 25 de maio de 2013

I know the pain



       Pois é. Mais um sábado tendo somente um maço de cigarro amassado, um café aguado e o som visceral de Fiona Apple como companheiros. E as obrigações, as quais sempre cumpro no último segundo. Vivendo do ócio. Do fóssil de um passado mal resolvido. Do querer sempre aquilo que não se tem. Sendo cobaia de um sistema opressor, que começa no que emerge de meu parco entendimento. Sempre superficial. O ânimo que não inspiro, mas, cobro de outrem. Funéreo. Fútil. Inútil.
       Vejo novelas. Nada me encanta. Mero entretenimento de quem não se aprofunda num verdadeiro fazer artístico. Arte? O que é isso? O que vemos é mais uma massificação de velhos clichês na música, na literatura, no cinema. Não é a toa que artistas contemporâneos esmeram-se em homenagear os ícones do passado. A música perdeu a alma, como dissera a cantora Christina Aguilera.Poucos artistas se prestam a criar algo realmente expressivo. Tênue. Por isso vemos uma explosão de "celebridades", mas, poucos artistas excepcionais. Hoje cultua-se um exibicionismo tão exagerado que mal sobra espaço para "sentir" o efeito de algo humanizador como a arte. Num show ao vivo por exemplo, importa mais registrar nas redes sociais o momento, que aproveitar a ocasião em sí. Viver é aparecer. E eu não vivo, tão menos apareço.
        Mas cultura demais acaba com a gente... e eu consumo demasiadamente leituras, canções e imagens que me levam ao escapismo oriundo desse desgarramento ao qual me lanço. Ou fui lançado. Esquecido como teia de aranhas em casas abandonadas. Ao léu. No véu do esquecimento. Mas há algumas estrelas perdidas no céu paulistano. Parcas rutilâncias lançadas ao meu olhar avivando um fatigado semblante, envolto em melancolia. O piano de Fiona Apple enleva a dor a um canto que acalanta o pesar que impede a lágrima de rolar. E eis que fico. Ou passo. Sei que me arrasto no mar de incertezas.

Um comentário:

  1. Du acho que somos parecidos, me pego todo dia com vários relatos desse descritos por vc...Sei que me arrasto no mar de incertezas.

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