segunda-feira, 11 de junho de 2012

Entendendo o Realismo


         O romance realista surgiu na segunda metade do século XIX, e teve como característica principal, uma  reação aos ideais do romantismo.  Ou seja, ao invés do subjetivismo romântico, do lirismo, da fantasia dentre outros aspectos do romantismo, produziu-se  uma literatura mais próxima da realidade. Para isso, os realistas focalizavam os fatos tal como eles se apresentavam, despindo a ficção da fantasia. Deixando de lado as aparências para procurar as essências, desmistificando as hipocrisias do homem e da sociedade na qual ele interfere diretamente. Isto é, através dos personagens, abordavam os conflitos sociais. Seja na burguesia, no proletariado ou no clero, na sociedade urbana e na sociedade rural e entre ideologias contrárias. Tudo serviu de base para os romancistas do realismo fazer uma literatura de caráter de denúncia da sociedade vigente na época.
        No romance realista a linguagem é mais objetiva e mais próxima da fala das personagens em foco. Sem o tom sublime das obras românticas de outrora. O narrador realista relata detalhadamente o ambiente (espaço), as ações dos personagens, assim como suas características, tanto físicas quanto psicológicas. Nas palavras do escritor português  Eça de Queiroz, “Outrora uma novela romântica, em lugar de estudar o homem, inventava-o. Hoje, o romance estuda-o na sua realidade social”. O romance realista assume um caráter mais social, visando uma amplitude do conhecimento e das ações e intenções do homem. Os amores, as conquistas de poder, os laços familiares, a disputa entre as classes sociais (burguesia, proletariado),  tudo foi retratado de maneira objetiva como um fiel painel do homem e seus interesses levados as últimas consequências.
        O romance “O crime do Padre Amaro”, de Eça de Queiroz,  foi a primeira obra literária desse gênero em língua portuguesa. Revelou o maior romancista português e chocou a sociedade da época com sua denúncia da hipocrisia social e religiosa. Nesse romance Eça de Queiroz  aborda detalhadamente , que o homem é um produto do meio em que ele vive, ou seja, ele sofre as influências que o rodeiam. E que também age de acordo com o que sua  natureza determina,  isto é, o homem sucumbe aos seus instintos naturais. O que é evidenciado nesse romance pelo amor carnal entre o padre Amaro e Amélia. Essa afirmação é explicitada na fala da personagem “Totó” ao relatar o que se ouvia quando Amaro e Amélia ficavam a sós: “São como cães”. Devido a essa característica, “O crime do Padre Amaro” é considerado um romance de cunho realista-naturalista. O enredo é construído através do cotidiano dos personagens, onde são expostas todas  as facetas do ser humano, ou seja, a inveja, as paixões, a loucura, as explorações sociais e etc. Longe das imaginações inatas das obras literárias anteriores a esse período, e um olhar voltado ao estudo dos fenômenos vivos.

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