domingo, 16 de outubro de 2016

Comentando o filme "Jovens adultos"

Charlize Theron em primorosa atuação
“Jovens adultos” é um filme sobre falta de maturidade. A protagonista desse drama com nuances cômicas é Mavis Gary, interpretada com maestria pela oscarizada Charlize Theron (Monster- Desejo assassino). Mavis é uma ghost writer de uma série “Young adult” que fora cancelada, entretanto ela precisa escrever o último capítulo. Sob pressão de seu editor e vivendo uma fase nada criativa, a página ainda em branco, Mavis, ao vasculhar sua mailbox, encontra um convite de felicitações pela chegada de um bebê, é a filha de Buddy Slade (Patrick Wilson), seu namorado dos tempos da escola. Apesar dos seus 37 anos, Mavis é tão imatura quanto as personagens da série da qual é autora. Toma para si o convite do email, ignorando totalmente a fase atual, o casamento bem resolvido do antigo namorado. Mavis é uma pessoa totalmente “sem noção”! É uma personagem que não sabemos se sentimos pena, ou raiva ou mesmo alguma estima pelas absurdas atitudes tipicamente “adolescentes”.
Roteirizado por Diablo Code (Juno), “Jovens adultos” possui diálogos sensacionais, a “falta de noção” de Mavis não parece um simples desvio de caráter da personagem, uma vez que ela possui um lado humano, tem um cachorro de estimação e quando reencontra um antigo colega de escola que fora vítima de um crime de ódio, toma empatia pelo moço e lança a questão, para o público: é mais doloroso o trauma físico, ou as neuroses que um especialista poderia resolver? Explico, a vítima do crime de ódio ficou com graves sequelas, como mobilidade reduzida e quase impotente.  O cúmulo da desorientação de Mavis é achar que a fase em que era a mais popular da escola era a sua melhor fase. Era nesse período em que descobrimos que ela era muito egoísta, deslumbrada pelo sucesso com os garotos e principalmente por Buddy, este no presente envolto em mamadeiras e feliz com sua mulher Bety, cujo motivo não é empecilho para Mavis fazer de tudo para reconquistar o antigo namorado. Inclusive ao ponto de se insinuar perante Bety e suas amigas. Para Mavis só o que ela pensa importa já que "o amor supera tudo" também "a sociedade aceita tudo", isso e outras projeções oriundas do universo unilateral e retrógrado de Mavis. 

A eficiente atuação de Charlize e o ótimo roteiro de Cody entregam um bom filme, destes que valem rever várias vezes. Há cenas impagáveis em que Mavis Gary munida de uma petulância que só os adolescentes ostentam, provoca o riso devido o absurdo que determinada atitude acarreta. Outra característica importante em Mavis é a preocupação com a aparência: salões de beleza e roupas sofisticadas fazem parte de sua maneira de se apresentar aos outros, já em sua casa entrega-se ao desleixo de modo geral, alimenta-se de enlatados, veste as velhas camisetas com estampas infantis e abusa de Coke. Interessante também o modo como Maves colhe “por acaso” diálogos de pessoas na rua e os insere na série da qual é ghost writer, encaixando-os devidamente no mundo pretensioso da fase juvenil. 

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